O adjunto Vítor Bruno foi quem comandou o FC Porto esta quinta-feira. Foto: FC Porto

O FC Porto recebeu, esta quinta-feira, o SL Benfica num jogo que valia a presença nos quartos de final da Taça de Portugal. Perante um Estádio do Dragão lotado e vibrante, os dragões, que se puseram em vantagem nos primeiros segundos do jogo, marcaram três golos em 30 minutos e eliminaram os encarnados da prova rainha do futebol português.

Castigado e assistir da bancada, tal como Jorge Jesus, Sérgio Conceição manteve quase toda a equipa titular do último jogo, substituindo apenas o habitual titular Diogo Costa por Marchesín, o habitual guarda-redes titular nos jogos da taça. O treinador benfiquista sentou Yaremchuk, apostou em Taarabt para o meio-campo e deu a titularidade habitual nas taças ao guarda-redes Helton Leite para o lugar de Odysseas Vlachodimos.

Embaladas por vitórias amplas na última jornada do campeonato, as duas equipas entraram com um ritmo diferente e 30 segundos foram suficientes para materializar esta diferença. Após lançamento de Zaidu para a grande área, Luis Díaz ganhou de cabeça e a bola sobrou para Taremi que, a dois toques, fez o passe para Evanilson finalizar e inaugurar o marcador.

Talvez pelo golo precoce, o Benfica mostrou-se apático e incapaz de responder. Faltava critério aos encarnados e o FC Porto não se fez rogado e aumentou a pressão sobre as águias.

Novamente de bola parada, desta vez após um pontapé de canto, os dragões voltaram a dilatar a vantagem. Após uma saída em falso do guardião brasileiro Helton Leite, Vitinha, jovem estrela de 21 anos do meio-campo portista, rematou com precisão, perto da linha da grande área, para o fundo das redes forasteiras. 2-0 era o resultado com seis minutos jogados no Dragão.

Com uma desvantagem tão prematura, urgia aos visitantes marcar um golo para reentrarem na luta pelo resultado. E, ainda que as dificuldades de construção se mantivessem, Darwin Nunez, aos 17 minutos, finalizou para dentro da baliza portista. Os adeptos benfiquistas ainda festejaram o golo, mas o festejo durou pouco. Adiantado por 4 centímetros, de acordo com o VAR, o golo foi invalidado por fora de jogo do avançado uruguaio.

O FC Porto não descansou na vantagem confortável e foi à procura de dilatar o resultado. Beneficiando da desatenção da linha defensiva encarnada, Mateus Uribe fez um passe em profundidade para Luis Díaz, que ganhou a frente e, já dentro de área, desorientou André Almeida e deixou para a finalização de Evanilson, que bisou na partida. Tudo isto antes do primeiro remate no jogo do SL Benfica.

Ainda antes do intervalo, Evanilson voltou a ser protagonista, mas, desta vez, pelas piores razões. Depois de um cartão amarelo aos 20 minutos, o avançado brasileiro viu o segundo cartão amarelo e o consequente cartão vermelho, após falta sobre João Mário e foi mais cedo para o balneário, deixando a equipa da casa reduzida a dez elementos. Ao intervalo, 3-0 era o resultado no marcador.

Segunda parte sem golos

No regresso para a segunda parte, João de Deus apostou em Everton e Yaremchuk para os lugares de Gilberto e Taarabt. Com a entrada de elementos ofensivos e a jogar em superioridade numérica, o Benfica entrou a fazer parecer possível uma reentrada na disputa pelo resultado. Mas se é verdade que nos primeiros dez minutos da segunda parte o Benfica esteve por cima, é verdade também que foi “sol de pouca dura”.

A organização defensiva do Porto não descoseu, os visitantes não conseguiram finalizar e foi mesmo dos dragões a primeira grande oportunidade de golo da segunda parte, numa transição rápida após recuperação de bola no ataque encarnado. Zaidu correu de uma ponta à outra do campo, recebeu a bola e, pressionado por três adversários, deixou para Taremi que, com a baliza escancarada, acertou em cheio no poste da baliza.

Aos 83 minutos, voltou-se a gritar golo na reduzida franja das bancadas dedicada aos adeptos benfiquistas e, mais uma vez, o golo foi anulado por posição irregular. Otamendi, ex-jogador do FC Porto, atirou de cabeça para dentro da baliza de Marchesín, mas o adiantamento de 33 centímetros de Pizzi no momento em que recebe a bola antes de cruzar manteve limpa a ficha do guarda-redes argentino.

A dois minutos do apito final, Otamendi foi expulso por ver o segundo amarelo após falta sobre Luis Díaz e dirigiu-se para o balneário sob uma forte chuva de assobios dos adeptos portistas.

A terminar o jogo, houve ainda houve tempo para mais um golo anulado, desta vez para o lado azul e branco. Após um remate forte de Sérgio Oliveira num livre em posição lateral, Fábio Cardoso desviou, em posição irregular, a bola para o fundo da baliza benfiquista.

3-0 foi o resultado final no Estádio do Dragão e o FC Porto prossegue na Taça de Portugal após uma exibição irrepreensível em quase todos os aspetos e frente a um Benfica de qualidade antitética. A falta de coesão e o caos defensivo foram por demais evidentes e comprometeram as esperanças dos encarnados na competição.

Dragões com “traje competitivo”

No final do encontro, o adjunto do FC Porto, Vítor Bruno, que não marcou presença na conferência de imprensa, referiu em flash interview dada à Sport TV que a entrada dos dragões não aconteceu por acaso: “percebemos que era importante fazer emergir o nosso melhor traje competitivo e injetar uma entrada a alta rotação”.

Esta entrada, diz, foi possível “castrando os alimentadores de jogo ofensivo” do SL Benfica e procurando “ser muito verticais” e “atalhar ao máximo os caminhos para a baliza adversária”.

Sobre o jogo do dia 30 de dezembro, novamente frente ao SL Benfica, o adjunto de Sérgio Conceição, desta vez aos microfones da CNN Portugal/TVI – canal que transmitiu a partida -, reiterou que esta vitória não ensina nada para a próxima jornada do campeonato: “Esta vitória é importante, mas acaba aqui, não é mais do que isso. Permite estar na próxima fase da competição. Este [jogo] acabou hoje e certamente dia 30 será diferente, com uma equipa do outro lado com vontade de vir aqui fazer um resultado completamente diferente”.

Benfica com dificuldades a “equilibrar”

Do lado dos encarnados, João de Deus responsabilizou as falhas na defesa em lances de bola parada que deram origem aos golos pela “quebra anímica” da equipa. Lamentou a entrada no jogo e reconheceu dificuldades “em equilibrar a equipa nos momentos de perda de posse de bola”.

Sobre o próximo jogo, o adjunto de Jorge Jesus referiu que a equipa vai a jogo “para discutir o resultado e ganhar” e que, para isso, é importante “perceber de forma minuciosa o que falhou no jogo para não voltar a falhar”.

Jorge Jesus continua sem vencer ao FC Porto desde o seu regresso a Portugal e tem nova tentativa marcada para dia 30 de dezembro. Os dois emblemas voltam a encontrar-se para novo clássico no Estádio do Dragão, desta vez, a contar para o campeonato.

O FC Porto segue em frente na Taça de Portugal e pode enfrentar o CD Tondela, Portimonense, Leça FC, Sporting CP, CD Mafra, Rio Ave ou FC Vizela – que eliminou o detentor do troféu, o SC Braga – na próxima ronda.

Artigo editado por Filipa Silva