Com um Estádio do Dragão praticamente lotado, jogou-se esta quinta-feira o segundo “clássico” entre FC Porto e Benfica no espaço de sete dias.
Depois da vitória contundente dos dragões para a Taça de Portugal, o Benfica chegou ao jogo com o orgulho ferido e sem o treinador principal – Jorge Jesus acordou a rescisão do contrato com o clube dois dias antes -, mas se foi capaz de evitar a avalanche inicial dos dragões, a vitória, essa, voltou a ficar na Invicta, em resultado de mais uma boa exibição portista.
O 3-1 final vale aos dragões o reforço da liderança do campeonato – em guarda partilhada com o Sporting – e o cavar de um fosso para o rival de Lisboa, agora a sete pontos de distância.
Dois golos de rajada empurraram dragões para vitória
Para o segundo round contra o Benfica, o regressado Sérgio Conceição promoveu três alterações no onze inicial: o castigado Evanilson deu lugar a Fábio Vieira no ataque; Luis Díaz, infetado com Covid-19, foi substituído por Pepê e Diogo Costa tomou o lugar de Marchesín, na baliza.
Já Nélson Veríssimo, em estreia no comando principal das águias, alterou o sistema tático – de 3-4-3 para 4-4-2 – e mudou cinco peças: Helton Leite, Otamendi, Taarabt, Grimaldo e Darwin – o melhor marcador da prova falhou o encontro por lesão – saíram para as entradas de Vlachodimos, Morato, Everton, Ramos e Yaremchuk.
Desde o apito inicial, foi percetível a mudança de estratégia do Benfica em relação à partida da Taça, na qual tinha acabado goleado por 3-0. Os encarnados pressionavam muito mais alto no terreno e tentavam condicionar a saída de bola portista.
O Benfica tinha também a ideia de construir com mais objetividade e houve momentos em que conseguiu criar situações que puseram em sentido a defesa azul e branca.
Porém, mesmo com estas alterações, que tentavam surpreender o FC Porto, os dragões entraram mais fortes no jogo, com a intensidade e entrega habituais.
Fábio Vieira, aos 5’, e Taremi, aos 19’, estiveram perto de abrir o marcador, que só seria inaugurado três minutos depois.
Antes disso, aos 21 minutos, Yaremchuk surgiu em boa posição na área portista, após passe falhado de Pepê, mas não conseguiu converter.
Logo a seguir, o extremo brasileiro introduziu a bola na baliza encarnada, sendo o golo invalidado por um fora do jogo de 8 centímetros.
Este golo, embora anulado, deu ímpeto aos pupilos de Conceição, que marcaram pouco depois, curiosamente depois de outra oportunidade perdida por Yaremchuk.
Aos 34 minutos, Fábio Vieira apareceu dentro da área das águias, do lado direito, e rematou com o pé mais fraco, o direito, para o fundo das redes, com a bola a passar por entre as pernas de Vlachodimos.
Quase nem houve tempo para os adeptos festejarem o golo do jovem formado nos dragões, tal foi a rapidez com que o Porto ampliou a vantagem: aos 37 minutos, Manafá lançou Otávio na direita. O capitão tirou um cruzamento perfeito para a cabeça de Pepê e este atirou a contar.
Os dois golos marcados sucessivamente ainda antes do intervalo tiveram impacto em ambas as equipas: moralizaram ainda mais o FC Porto, que já vinha motivado pela vitória na Taça, e arrasaram a equipa encarnada, que passa por um momento de crise, com a inesperada saída de Jorge Jesus entre os clássicos.
Yaremchuk ainda assustou, mas expulsão acabou com as dúvidas
O Benfica surpreendeu, ao entrar praticamente a marcar no segundo tempo. Uma distração defensiva dos dragões deu espaço a Rafa, que cruzou rasteiro para remate certeiro do avançado ucraniano das águias.
O golo dos visitantes podia ter abanado os dragões, mas o efeito foi amenizado dois minutos depois: André Almeida travou Otávio em falta, viu o segundo amarelo e o consequente vermelho.
A partir desse momento, o Benfica abdicou de um avançado (Yaremchuk) e lançou Lazaro para o corredor esquerdo.
Se já se adivinhava difícil uma recuperação das águias, a inferioridade numérica veio acentuar ainda mais os problemas da equipa da Luz.
O Porto soube aproveitar a superioridade e chegou ao 3-1, aos 69 minutos, por Taremi, que atravessava um jejum de golos desde outubro.
Até ao apito final, o Benfica ainda tentou ameaçar a baliza defendida por Diogo Costa, mas sem grande sucesso.
Contas feitas, os dragões mantêm-se no topo da liga, em igualdade pontual com o Sporting, e agudizam a crise encarnada: as águias estão agora a sete pontos dos dois rivais.
Destaque para o registo impressionante da equipa de Sérgio Conceição: não perdeu nenhum jogo para o campeonato em 2021.
“Hoje foi um jogo importante, mas foi apenas mais uma vitória”
Na conferência de imprensa após o encontro, Sérgio Conceição mostrou-se satisfeito, após novo triunfo sobre o rival, destacando a competitividade da equipa: “Estava um ambiente propício para que os jogadores do Benfica se transcendessem, para mostrar ao novo treinador que são capazes. Era um jogo difícil na preparação. Faltaram dois jogadores que têm sido titulares e quando falo da competitividade do grupo, hoje jogaram dois jogadores que fizeram um grande trabalho.”
O técnico portista sublinhou ainda que nada está decidido sobre a luta pelo título, lembrando campeonatos recentes: “Num passado recente já tivemos um dissabor num ano e uma grande alegria noutro. O campeonato é longo, isto é uma maratona, hoje foi um jogo importante, mas foi apenas mais uma vitória”, afirmou.
Nélson Veríssimo, por seu lado, realçou a entrega dos seus jogadores, após uma semana atribulada: “Estamos tristes pelo resultado, mas os jogadores tiveram uma entrega total no Dragão. Os jogadores sentem que numa relação numérica de igualdade as coisas poderiam ser diferentes.”
Na próxima jornada, a última da primeira volta, o FC Porto vai medir forças com o Estoril, no sábado (8/1), enquanto o Benfica vai defrontar o Paços de Ferreira, no domingo (9/1).
Artigo editado por Filipa Silva