Vasco da Silva Moreira tem 20 anos, é natural de Santo Tirso e chegou ao Sporting Clube de Braga na temporada 2017/2018, ainda como juvenil. A paixão pelo futebol da jovem promessa bracarense começou num verão, na altura por incentivo dos pais que, segundo o atleta, “sempre estiveram ligados ao desporto”.

Aos 10 anos, começou a dar os primeiros toques nas escolas de futsal da AR Areal, em Santo Tirso. Iniciou a formação como guarda-redes, por sentir “pouca segurança com bola nos pés” e recorda esses anos como “um tempo de adaptação e de construção de confiança”.

Mais tarde, Vasco deu o salto para o futebol por incentivo do pai que o levou a um campo de férias da Dragon Force, a escola de formação do Futebol Clube do Porto. Foi aí que o menino de apenas 11 anos deu nas vistas e a sua qualidade valeu-lhe o convite dos treinadores para integrar a equipa.

Aos olhos do jogador, aquele foi o momento exato para dar o salto: “Felizmente, as coisas correram bem na Dragon Force. Se não fosse esse salto, talvez não estivesse aqui, ou estaria no futsal ainda como guarda-redes”, conta em entrevista ao JPN.

De um hobby a profissão

Aquilo que era, de início, apenas uma diversão para Vasco, logo se tornou num assunto mais sério. Depois de sair da Dragon Force, que o atleta assume ter sido “crucial no processo de formação” e que lhe deu “valências para vencer medos”, Vasco Moreira rumou a Vila do Conde para representar o Rio Ave FC e para iniciar a caminhada pelos campeonatos nacionais.

Foi também em Vila do Conde que Vasco Moreira venceu por duas vezes o prémio de jogador em destaque da formação. O desempenho valeu-lhe uma chamada do SC Braga, para onde rumou em 2017. Foi aí, nesse momento, que percebeu que o sonho podia ser realidade. A pressão e o “friozinho” na barriga nunca mais o abandonaram.

Decidiu então ir viver para as residências da Cidade Desportiva de Braga, para poder estar inteiramente concentrado na sua formação desportiva: “Tomei a decisão de vir para a residência para respirar futebol no fundo”.

A formação como atleta de alta competição implicou também abdicar de festas e convívios com amigos para colocar o futebol em primeiro lugar. Vasco refere que sempre colocou o futebol à frente de tudo, menos da sua família. É o preço a pagar por ter escolhido um percurso “diferente”. Envolve, como nos diz, “ser adulto mais cedo.”

A estreia como sénior e o que falta na formação

Em 2019, Vasco Moreira viu o seu contrato com o SC Braga renovado e ficou “blindado” com uma cláusula de rescisão de 20 milhões de euros. Um valor de respeito, mas que não o pressiona: “O futebol não são só números”, afirma convictamente.

No ano seguinte, o médio teve a oportunidade de se estrear enquanto sénior e refere que a chegada a tal escalão se deve à formação e ao trabalho realizado pelos profissionais do SC Braga. O momento em que se tornou profissional ficou-lhe na memória: “Quando entrei naquela porta e assinei o contrato, eu não estava em mim! Foi o momento em que o miúdo da aldeia conseguiu tornar-se profissional de futebol”.

Com destaque na equipa B do Braga e já com uma subida de divisão em carteira – do Campeonato de Portugal para a Liga 3 – , Vasco diz que tudo o que lhe está a acontecer parece “irreal”: “Sonhas com isto a tua vida toda e de repente, és sénior!”.

Enquanto sénior, Vasco Moreira relembra o seu primeiro dia e toda a emoção que envolve esse momento. Confessou ainda que não conseguiu o dormir na noite anterior ao jogo. Na estreia como titular, teve a felicidade de marcar o seu primeiro golo e refere que aquele momento “representa todo o seu processo de formação”.

O jogador falou ainda sobre o grande destaque que Vitinha, seu companheiro de equipa, tem tido e diz que este é “um exemplo a seguir e merece tudo o que lhe está a acontecer”.

Vasco considera que este é um bom exemplo do trabalho feito na formação do SC Braga e que os clubes devem continuar a apostar na formação: “Os jovens de hoje têm cada vez mais qualidade e é bom ver esta vasta aposta nos jogadores da formação”.

Vasco Moreira ainda sublinha que os treinadores pensam que os atletas estão “preparados mais cedo do que todos acham” e que existiu “uma pequena revolução na aposta da formação”.

Mas há muito trabalho a ser realizado: “Sinto que os clubes têm de apostar mais na parte psicológica dos seus atletas, no conhecimento sobre alimentação, treino e jogos”.

O atleta ambiciona agora chegar à equipa principal do SC Braga e mais tarde partir para voos ainda maiores, o que, sabe, não será “fácil”. Mas sente-se preparado: “Tenho sonhos, ambições e não quero ficar por aqui”

Deixou ainda o conselho aos jovens jogadores de “foco em muito trabalho, esforço e dedicação” e considera que quem quer ser jogador de futebol, “não pode ficar cinco ou seis horas a jogar computador sem ter o mínimo de dedicação ao futebol”.

Vídeo captado e editado por Pedro Silva

Artigo editado por Filipa Silva