Autarquia vai comprar a ilha, também conhecida como Bairro dos Moinhos, por 900 mil euros. Câmara quer mexer na ribeira do Poço das Patas, que passa no local. No lugar das casas - no total, 32 edifícios, alguns em ruína - Executivo promete um jardim.

Bairro dos Moinhos tem 32 edifícios, alguns já em ruína. Foto: Bruna Pinheiro/JPN

A Câmara Municipal do Porto quer comprar a Ilha dos Moinhos por 900 mil euros. O bairro localizado na escarpa das Fontainhas, na freguesia do Bonfim, foi muito afetado pela enxurrada que, há cerca de um ano, provocou estragos avultados na baixa da cidade. A Câmara quer intervir na ribeira que atravessa a zona e construir um jardim no local. A proposta vai a votação na reunião do Executivo de segunda-feira.

No início deste ano, a autarquia revelou que tinha chegado a acordo com os oito proprietários da ilha, para a aquisição amigável dos 32 edifícios que a compõem, alguns já em ruína.

De acordo com a CMP, nessa altura, permanecia uma família no bairro. Para os outros 18 agregados familiares, tinha sido encontrada uma solução. Dezasseis famílias foram realojadas pela empresa de habitação municipal, a Domus Social.

Agora, se aprovada, o plano da autarquia passa por mexer na ribeira do Poço das Patas, responsável pelo aumento de episódios de cheia no local. A ribeira, que está entubada, corre ao longo de toda a freguesia do Bonfim e desagua no rio Douro na avenida Gustavo Eiffel, entre as pontes de D. Maria Pia e do Infante. 

O “perfil muito irregular [no troço entre o Largo Baltazar Guedes e a Avenida Gustavo Eiffel] conduz a elevadas velocidades de escoamento com concomitante desgaste das superfícies, bem como de desmoronamentos, ao que acresce a falta de condições de segurança para assegurar a devida exploração e manutenção”, refere a proposta que vai a votos na segunda-feira.

A Proteção Civil identificou, no ano passado, “anomalias estruturais relevantes” na galeria do troço da ribeira que corre debaixo da Ilha dos Moinhos, sendo “impossível prever uma eventual rutura”.

A Câmara quer agora aplicar medidas de “estabilização” da ribeira e de “dissipação de energia” do curso de água e para isso considerou “urgente” realojar noutros locais os moradores do bairro que o JPN visitou em novembro.

A proposta terá de ser também aprovada pela Assembleia Municipal do Porto e pelo Tribunal de Contas, de acordo com o jornal “Público”.

Parque das Fontainhas/Carquejeiras prometido para o local

O futuro da ilha, já se sabia, não passa pela habitação. Desde que a Câmara anunciou a sua intenção de adquirir o edificado que deixou essa ideia clara. 

Agora, considerando que um terço da área da ilha está classificada no Plano Diretor Municipal como área verde de fruição coletiva, a autarquia propõe criar naquela zona o Parque das Fontaínhas/Carquejeiras, previsto na Operação de Reabilitação Urbana de Campanhã. 

Carquejeiras. A cidade que se curva para pedir o perdão das mulheres que vergou