A MediaLivre recebeu luz verde da Entidade Reguladora da Comunicação Social para a compra das rádios SBSR e Festival, atualmente nas mãos do grupo Música no Coração. O grupo que detém a CMTV vai também avançar com a criação de um novo canal de notícias. Elsa Costa e Silva, da U.Minho, considera que o grupo se está a tentar posicionar como "um dos principais grupos de média" em Portugal.

A Rádio Festival, com sede no Porto, foi uma das aquisições da MediaLivre. Foto: Ricardo Carvalho Rodrigues

A MediaLivre vai entrar no mercado da rádio e alargar a oferta televisiva. O grupo que detém marcas como o “Correio da Manhã”, CMTV, “Negócios” e “Record” tem “luz verde” da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) para avançar no processo de compra de duas estações de rádio ao grupo Música no Coração: a SBSR (Porto – 91.0 FM), em finais de fevereiro, e a Rádio Festival do Norte (Porto – 98.4 FM, mais recentemente.

A ERC acredita que a mudança de grupo será uma oportunidade, “uma vez que permitirá garantir a continuação do exercício da atividade de rádio, agora com um novo acionista com know how, prestígio, recursos financeiros e humanos, bem como ampla experiência na área da comunicação social, que, reconhecendo o potencial, demonstrou interesse e assumiu o compromisso de o transformar numa referência nacional, beneficiando de todas as sinergias existentes através da integração num sólido grupo de comunicação social, que se caracteriza pela vertente de comunicação de proximidade às populações em cada local”, lê-se na deliberação da entidade.

Para além da aquisição de frequências de rádio, também vai ser criado um novo canal de televisão. O “Canal 9”, como o nome indica, vai ocupar a nona posição, logo a seguir à CMTV. Segundo o “ECO”, o canal competirá no segmento informativo, com a SIC Notícias, RTP 3 e CNN Portugal.

Uma tentativa de “posicionar-se como um dos principais grupos de média”

O grupo Cofina passou recentemente para as mãos de uma nova estrutura acionista, da qual fazem parte alguns trabalhadores e gestores do grupo – Luís Santana, Ana Dias, Octávio Ribeiro, Isabel Rodrigues, Carlos Rodrigues, Luís Ferreira e Carlos Cruz; alguns acionistas da antiga administração do grupo – Domingos Vieira de Matos, Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira; e ainda o futebolista Cristiano Ronaldo, passando a chamar-se “MediaLivre”.

Para Elsa Costa e Silva, professora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, as novas apostas do grupo inserem-se numa estratégia de “posicionamento no mercado como um dos principais grupos de média”. “Nesse sentido, estão a avançar para outros setores onde eles não tinham ainda presença, como é o caso da rádio, em que se estão a posicionar através das compras das frequências”, explica.

A doutorada em Ciências da Comunicação completa dizendo que “a estratégia que o grupo vai desenvolver para este sector não é conhecida” e, por isso, “é impossível antever se vai existir alguma mudança em termos de programação das rádios”.

Foi também isso que o JPN tentou perceber junto do diretor de programas da rádio Festival, uma das mais ouvidas na cidade do Porto, mas Alberto Rocha considera que é cedo para se pronunciar. O “processo ainda estar a decorrer, existindo apenas uma autorização” por parte da ERC, referiu, numa resposta escrita enviada ao JPN. “Neste momento há uma intenção, portanto, continua tudo na mesma”, completou, sem adiantar mais comentários.

Recentemente, segundo os dados divulgados pela CAEM/GFK, as audiências dos canais informativos do cabo têm registado uma quebra relativamente ao ano passado. A especialista em economia política da comunicação alerta, no entanto, que “ainda não temos historial suficiente para prever que os canais informativos vão evoluir para níveis de audiência muito baixos”. Defende ainda que a criação de um novo canal de notícias pode ser viável pelo facto da aposta permitir “conquistar uma faixa de mercado que [o grupo do CM] ainda não tem” e não obrigar a “incorrer em custos muito significativos”, ao aproveitar recursos de várias áreas da empresa, como o Jornal de Negócios.

Correio da Manhã celebra aniversário com a  “Redação Aberta”

Por ocasião dos 45 anos do “Correio da Manhã” e dos 11 anos da CMTV, o jornal diário do grupo MediaLivre vai abrir as portas da redação do Porto (Rua Manuel Pinto de Azevedo, 80, 1.º) e Lisboa (Rua Luciana Stegagno Picchio, 3) esta terça-feira.

A iniciativa vai contar com vários debates em torno do “Jornalismo Livre e Investigação”, “Democracia” e o papel da Inteligência Artificial na imprensa. As ações vão decorrer de manhã no Porto e de tarde em Lisboa. Para Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial do CM a iniciativa é “é um espaço de liberdade e de democracia” na “antecâmara dos 50 anos do 25 de Abril”.

O JPN tentou também perceber junto da administração da MediaLivre os planos para as rádios, mas não obteve resposta.

Editado por Filipa Silva