Os 20 finalistas da competição "Three Minute Thesis" na Universidade do Porto já foram apurados. Em declarações ao JPN, duas das finalistas explicam o conteúdo da tese e o processo de preparação para a final.

“Three Minute Thesis” já está presente em mais de 900 universidades em mais de 85 países em todo o mundo, incluindo Portugal. Foto: Linda Melo

Ana Sofia Silva está no 2.º ano do doutoramento em Ciências da Linguagem e é finalista da terceira edição da 3MT (“Three Minutes Thesis“) da Universidade do Porto. É a primeira vez que uma estudante da Faculdade de Letras chega à final da competição que desafia os estudantes de doutoramento a explicar a tese em apenas três minutos. Sofia Quintas é outra das finalistas – no total, são 20 – e é estudante no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), instituição com o maior número de alunos (8) na final da prova.

A “Three Minute Thesis” é uma competição destinada a estudantes de doutoramento, na qual os alunos têm apenas três minutos para explicar a importância e o significado da sua investigação a um público não especializado.

O maior desafio da competição é, para Ana Sofia Silva, trabalhar “a capacidade de síntese e de seleção de informação” para que a tese de doutoramento, que é “normalmente feita num mínimo de três anos, chegue ao público-alvo em três minutos e seja assimilada por este”. “Faz-me lembrar até quando um familiar/amigo que já não vemos há muito tempo nos pergunta o que é que andamos a estudar/trabalhar e somos obrigados, por poucas e simples palavras, a descrever os nossos projetos e a convencê-los de que estamos a ser produtivos”, explicou.

Já Sofia Quinta refere que procurou “encontrar analogias para ser mais fácil que [a audiência] visualizasse o processo”, uma vez que o propósito da descoberta da investigação deixa de existir se o público “não perceber o trabalho”. “Tentei colocar-me na pele de quem está fora da minha área“, disse.

Entre os finalistas, estão também alunos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Faculdade de Farmácia (FFUP), Faculdade de Ciências (FCUP) e Faculdade de Engenharia (FEUP).

A tese de Ana Sofia da Silva, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), fala sobre Linguística Forense e o objetivo é “detetar falsas chamadas de emergência, através do apuramento de elementos pragmáticos e discursivos (padrões de linguagem)“. A ideia surgiu da preocupação associada ao uso indevido do número de emergência (112), que recebeu, em 2023, 1,26 milhões de chamadas falsas. Ao JPN, a jovem disse que isto acaba por colocar “em perigo de vida quem realmente precisa de ajuda imediata, uma vez que implica a deslocação indevida de ambulâncias e recursos humanos que não podem ser destacados para situações onde são efetivamente precisos”.

Já a investigação de Sofia Quintas, que está no doutoramento em Biotecnologia Molecular e Celular Aplicada às Ciências da Saúde, baseia-se em desenvolver uma nanovacina para curar o cancro da mama triplo negativo, o tipo de cancro de mama mais agressivo e que menos opções terapêuticas possui. “As pessoas que estão doentes têm o direito de encontrar respostas para as respetivas perguntas e nós temos a obrigação de, podendo, lhes dar essas respostas”, referiu.

A terceira edição da competição na Universidade do Porto é dividida em três fases, sendo que a primeira correspondeu ao período que compreendeu a abertura das inscrições e o anúncio das 20 melhores apresentação, que se realizou no final do mês de março. A segunda fase vai realizar-se a 19 de abril nas instalações da UPTEC Baixa e no Núcleo de Tecnologias Educativas da U.Porto, onde os finalistas vão participar numa formação em comunicação.

A terceira fase acontece a 17 de maio, às 15h00, no Salão Nobre da Reitoria, na qual os finalistas têm uma última oportunidade para cativar o júri e a audiência. O evento é aberto a toda a comunidade. O vencedor vai receber um prémio monetário de 2.000 euros, sendo que vai ser também atribuída uma menção honrosa no valor de 1.000 euros.

Em 2023, o vencedor foi Jorge Oliveira, estudante do Programa Doutoral em Biotecnologia Molecular e Celular Aplicada às Ciências da Saúde da Universidade do Porto (ICBAS e FFUP). “Fighting drug-resistant bacteria with refined compounds” foi o tema da tese.

O “Three Minute Thesis”, que surgiu na University de Queensland, na Austrália, em 2008, está presente em mais de 900 universidades de mais de 85 países em todo o mundo, incluindo Portugal. Para além da Universidade do Porto, o formato está presente na Universidade do Algarve (UA). Universidade de Coimbra (UC)e Universidade de Lisboa (UL).

Editado por Inês Pinto Pereira