Nascido entre os polinésios e peruanos e amadurecido no Hawai, o surf tem vindo a abraçar cada vez mais população do mundo que faz deste desporto um modo de vida. Com a sua evolução emergem os Surfcamps e, por consequência, as Surfhouses, que pretendem mostrar ao mundo este estilo, esta forma de abraçar a vida e a natureza.

“Uma família” é como António Espírito Santo, presidente do Clube Surfjah, em Espinho, que conta com café, escola e uma parceria com a  “Shelter Guesthouse”, define o surf e quem o pratica. Simplificando, António diz ao JPN que uma surfhouse é uma “exensão do mar”, graças à sua decoração e espírito vivido entre quem lá fica. “Tem de ser limpo, asseado e com as condições mínimas”, afirma, dando pouco valor ao luxo e mais valor ao espírito comunitário que lá se vive.

Tiago Carvalho, gerente da Surfivor Surfhouse, na Foz do Porto, concorda, mas afirma que os hóspedes portugueses ainda não se encontram tão abertos quanto os estrangeiros. “O público português ainda não está muito sensível a isso. Os nossos estrangeiros procuram sobretudo os quartos partilhados. (…) Preferem o quarto partilhado para conviver, conhecer, e a primeira pergunta que fazem é:  ‘Quantas pessoas estão cá?’. É isto  que nos destingue”.

As Surfhouses juntam o hotel ao surf, possuem quartos partilhados para grupos e famílias, ou, para quem ainda vem a medo, quartos individuais ou duplos. Vive-se como numa casa de família, onde a cozinha, a sala e o jardim são partilhados, de forma a que haja uma interação entre todos os hóspedes da casa, o que acaba sempre por acontecer.

De resto, partem todos, desde surfistas a aprendizes, em direção ao mar, para partilhar ondas e momentos, para aprender. As Surfhouses fornecem o equipamento, mas há muitos que guardam, naqueles espaços, a sua própria prancha e fato. Uma surfhouse está sempre presente para o turista. Leva-o a conhecer a cidade, a cultura portuense, organiza festas, entre outras atividades. No entanto, ninguém é obrigado a praticar surf.

“Uma surfhouse acaba por ser tão boa quanto um hotel”

Pria, da Suíça, hóspede da Surfivor Surfhouse, veio com um grupo de amigos. Mesmo não sendo surfista, a curiosidade falou mais alto e fez com que se deixasse levar pela prancha. Conta ao JPN que adorou a experiência, que aconselha. “Uma surfhouse acaba por ser tão boa quanto um hotel, mas possui a vertente de convívio”.

Para António Aguincha, professor do Surfjah, não só se ensina, como se aprende: “Conhecem-se pessoas diferentes, fazem-se amigos, há pessoas com visões diferentes das nossas e isso é muito bom. Acabamos por também aprender com os nossos alunos”.

Ambos os gerentes concordam que ainda muito falta evoluir e, principalmente, desmistificar: “O surf não é de vagabundos, não é de playboys. Também trabalhamos muito. Lutamos contra tudo e contra todos. Fazemos parte do turismo de Portugal”, afirma António Espírito Santo.

Tiago Carvalho apelida-o de “desporto de alto rendimento”, já que os seus praticantes tentam ser bons no desporto, na vida, ter horas de sono acertadas, dando muito valor à natureza e à vertente ecológica.

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