O presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (CNAVES) considera que a avaliação internacional das universidades e politécnicos apresentada hoje, segunda-feira, por Mariano Gago, é um “passo lógico e necessário”.
Em nota enviada às redacções, Adriano Moreira considera “necessário, finalmente, regular as consequências a tirar da avaliação”.
O responsável pelo CNAVES, a quem compete apreciar a coerência do sistema de avaliação, recorda que o Conselho tinha já concluído que o “modelo legal de avaliação em vigor precisava de ser reformulado no fim do ciclo que termina em Dezembro”.
Adriano Moreira diz que a intervenção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é “oportuna” porque “a quebra demográfica, a crise financeira, a necessária relação das instituições privadas com um público solvente, não consentem que seja adiada a racionalização do sistema global”.
Sublinha ainda que a “avaliação de proximidade” será “permamente, demorada e dispendiosa” e que compete ao Estado “acompanhar activamente o comportamento do sistema”.
Reitores aplaudem
O presidente do Conselho Nacional de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) também aplaude as mudanças. “Em relação às três avaliações anunciadas, aquela que está cometida à OCDE parece-me a mais necessária e urgente, porque é importante estudar o ensino superior, criar um sistema de acreditação de curso que seja internacionalmente reconhecido”, afirmou à TSF.
Para Lopes da Silva, a rede de ensino superior em Portugal está “um pouco desajustada”. “Criaram-se unidades talvez em número exagerado e, sobretudo, criaram-se pólos de ensino por toda a parte para contentar autarcas”, afirmou. Por isso, defende, “é bom que alguém de fora nos venha dizer que isto assim não pode funcionar”.
O responsável máximo do CRUP lembra ainda que a lei portuguesa “não distingue de forma inequívoca qual é a missão de uma universidade e de um instituto politécnico” e que a avaliação internacional pode ser “importante” para essa clarificação.
Politécnicos criticam “postura” dos sucessivos governos
O sistema nacional de avaliação proposto por Gago não merece reservas por parte do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP). O presidente do CCISP, Luciano Almeida, afirmou ao JPN que “o próprio Conselho já tinha solicitado ao ministério [do Ensino Superior] a avaliação do subsistema de ensino politécnico”.
Luciano Almeida lança algumas farpas aos governos. “É preciso fazer uma avaliação da própria avaliação e ver porque é que da avaliação feita por comissões externas de avaliação homologadas pelo ministério não foram retiradas todas as consequências possíveis”, diz, sem colocar em causa a avaliação nacional promovida pelo CNAVES, que, segundo o dirigente do CCISP, “segue os melhores padrões internacionais”.
Luciano Almeida critica a “postura” dos sucessivos governos que “não retiraram do actual sistema nacional de avaliação quaisquer consequências”.
O presidente do CCISP defende ainda que não se deve ceder à “tentação de tentar antecipar o resultado da avaliação”, tendo em conta a ideia pré-concebida de que o nosso sistema de ensino superior é pior do que os restantes da Europa.