A Comissão Nacional de Luta contra a Sida (CNLCS) aproveitou a realização do campo de férias que todos os anos reúne cerca de 800 estudantes universitários para fazer o rastreio ao vírus da imunodeficiência humana (VIH).
No que Meliço Silvestre, presidente da CNLCS, chamou de “acto solene de cidadania num consentimento informado”, os jovens dedicaram uns minutos do seu tempo para responder ao inquérito que faz parte do estudo epidemiológico na população universitária e fazer o rastreio. Tudo no intervalo dos jogos, entre a praia e a piscina em Pedras d’el Rei. O estudo da CNLCS consistirá no rastreio de 5000 estudantes universitários do norte a Sul do país e tem o apoio do governo.

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O inquérito, a que já responderam estudantes de outras zonas do país, vai servir para a elaboração de programas de educação e prevenção para a redução da infecção pelo VIH e outras doenças sexualmente transmissíveis. O inquérito é anónimo e confidencial e os dados serão tratados confidencialmente sem a indicação do nome dos inquiridos. A CNLCS montou três tendas onde decorreram as diferentes fases desta acção. Ao inquérito seguia-se a recolha de sangue e a entrega de preservativos e lembranças como a fita porta-chaves de usar ao pescoço com o slogan da campanha: “Diferentes sim, indiferentes nunca”.

Paulo Nossa e Palmira Lobo esclareceram as dúvidas dos participantes e explicaram o carácter confidencial e anónimo do estudo. A CNLCS queria bater o recorde de 250 estudante a fazer um rastreio, alcançado noutra acção como esta. O rastreio decorreu sexta-feira e sábado. Ao fim do primeiro dia, 176 pessoas tinham feito o rastreio. A este número não foi alheia a promoção que a própria organização do Campo de Férias fez.

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A participação na campanha da CNLCS era uma das formas de pontuar e subir na classificação final desta edição das Férias Desportivas. A prova da “Loucura Total”, uma espécie de pedi-paper, um dos postos era realizar uma tarefa junto da tenda da CNLCS. Até comparência no debate sobre a epidemia da Sida em Portugal dava pontos aos participantes. Durante a acção de rastreio, o locutor animador da Nova Era, José Luís Branco, anunciou várias vezes o número de pessoas que até à hora tinham passado pela tenda da CNLCS e incitou os estudantes a aumentar esse número. O resultado foi muito superior aos desejados 250.

Ninguém foi “dispensado de ir a exame” até porque como lembrou o presidente da CNLCS, Meliço Silvestre, “os grupos de risco pertencem ao passado”. Assunção Martinez, coordenadora da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, explicou que “o problema do HIV é transversal a todas as camadas da sociedade”. Estes “jovens do ensino superior são futuros educadores e lideres de opinião” e que a FAP é o parceiro ideal para esta iniciativa porque junta associações de estudantes do publico e do privado, do politécnico e do normal”, acrescentou. A CNLCS vai também estar presente no Rock in Rio e no Euro 2004 para acções de rastreio ao VIH.

A coordenadora da ARS Algarve esteve em Pedras d`El Rei e falou ao JornalismoPortoNet, durante a sessão de esclarecimento, em nome do Secretário de Estado da Saúde que não pôde estar presente. Os estudantes também aguardavam a presença do ministro da saúde mas este acabou por não aparecer.

Os resultados deste rastreio serão enviados para o Centro de Aconselhamento e Detecção Precoce do VIH/ Sida (CAD) do Porto, que funciona junto à BCG, e estarão disponíveis dentro de um mês. Para levantar o resultado do exame, os estudantes terão de apresentar a senha com o número que identifica a amostra de sangue.

Ana Isabel Pereira (texto e fotos)