A quarta edição do Festival Nacional de Robótica abre hoje as portas ao público. A partir de hoje e durante os próximos três dias, o visitante pode ver campeonatos de futebol disputados entre robôs, concursos de dança de robôs e corridas de robôs.

A Liga de Robôs Médios é a atracção da mostra. Muitos são os adeptos e curiosos que se juntam em redor do campo de futebol, de dimensões apropriadas para receber as equipas, para assistirem à competição. Estes são robôs que, “uma vez lançados no campo, jogam sozinhos, sem intervenção humana. O objectivo, é estimular ideias de cooperação entre robôs e desenvolver metodologias do ponto de vista científico”, explica o docente do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Pedro Lima, ao JornalismoPortoNet.

Em 2050, espera-se assistir a uma competição entre humanos e robôs e que “essa equipa de humanos seja a campeã do mundo desse ano”. Pedro Lima considera que este “é um grande desafio”.

Quanto à corrida de robôs, explica António Paulo, docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, consiste numa prova em que “os robôs têm que seguir uma pista e fazer o percurso, no menor tempo possível, obedecendo aos semáforos e indicações colocadas ao longo da pista”. O docente acrescenta que a utilidade deste projecto está em “desenvolver veículos automóveis que possam ser autónomos, isto é, que funcionem sozinhos e em determinados ambientes”.

“Isto é fantástico”

Escolas de Almada, Setúbal, Amadora, Porto, entre muitas outras, estão presentes nesta quarta edição do Festival Nacional de Robótica. O JornalismoPortoNet esteve no pavilhão Rosa Mota e testemunhou o entusiasmo dos jovens estudantes.

Marta, estudante na escola secundária de Almada e elemento do clube de robótica da escola, não dá a viagem por perdida. A estudante considera que o interesse desta exposição está em “ver até que ponto pode chegar a tecnologia tão igual ao ser humano”.

Nas últimas semanas muitas horas de sono perderam-se na organização deste festival. Como ninguém queria ficar mal, “muitas noites foram passadas em claro para ter tudo pronto a horas”, disse Samuel Dinis, um estudante e participante, nesta edição do festival. Samuel diz que, apesar de terem tido algum trabalho com tudo isto, valeu a pena a viagem de Setúbal até ao Porto porque “aqui aprendemos muitas coisas novas, a lidar com outras situações e convivemos com muitas pessoas”, conclui o estudante.

“Estrangulamento brutal ao financiamento da investigação”

Muitos anos, muitos meses e muitas horas são precisos para pôr estes robôs a mexer. Todo e qualquer movimento executado por um robô tem, por detrás, horas e horas de investigação. Investigação essa que não tem sido apoiada nem reconhecida, segundo a opinião de Pedro Lima.

“O que observamos é que há um estrangulamento brutal ao financiamento das unidades de investigação e um atraso enorme no financiamento deste tipo de actividades. Os nossos colegas, aqui no Porto, tiveram muitas dificuldades para pôr o evento a funcionar e, tiveram eles próprios, que adiantar dinheiro, dinheiro que lhes estava prometido pelas entidades de financiamento”, afirma o docente do Instituto Superior Técnico.

O docente acusa também as entidades privadas de não apostarem na investigação. “Os empresários portugueses continuam a dizer que o que fazemos são brincadeiras e que o dinheiro é mal gasto, porque não tem utilidade imediata quando aquilo que se vê nos países de grande desenvolvimento industrial, com os quais competimos ombro a ombro, o que fazem é apostar na investigação. Em Portugal parece que isso soa sempre a um desperdício”, lamenta Pedro Lima.

Vânia Cardoso