A tensão continua a marcar o quotidiano iraquiano. Um porta-voz da coligação anunciou que, pela madrugada, as tropas americanas mataram 43 rebeldes iraquianos na cidade santa xiita de Najaf. A cidade está controlada pelo clérigo Muqtada al-Sadr desde há três semanas.

Segundo o porta-voz da coligação, as operações contaram com a acção de um AC-130 “Spectre”, uma versão melhorada do avião C-130. O AC-130 deu apoio aéreo e reconhecimento das capacidades bélicas às tropas americanas.

Cerca de 2500 soldados norte-americanos estão estacionados junto à cidade de Najaf desde que começou a revolta xiita contra a ocupação americana. O levantamento dos rebeldes é encabeçado por Muqtada al-Sadr, líder que os americanos juraram “capturar ou matar” por incitação ao assassínio.

”Situação perigosa”

Num comunicado de segunda-feira, Paul Bremer, o administrador americano no Iraque, afirma existir uma “situação perigosa” em Najaf. “Estão a ser armazenadas armas em mesquitas, altares e escolas. Esta situação explosiva não pode ser tolerada por aqueles que procuram uma resolução pacífica para esta crise”, diz o comunicado.

O porta-voz da coligação Dan Senor, citado pela CNN, diz que as armas têm que ser removidas dos locais sagrados e das escolas “imediatamente”. Caso contrário, Senor afirmou, em jeito de ultimato, que devem ser tomadas medidas. O representante sublinhou que a Convenção de Genebra não protege os locais sagrados usados com fins militares.

Fim do prazo para Fallujah

Noutro foco de tensão do complicado pós-guerra iraquiano, Fallujah, terminou hoje o prazo para os rebeldes entregarem as armas às autoridades americanas. O General Mark Kimmitt, da coligação, anunciou que o prazo terminou sem que os rebeldes demonstrassem “boa fé” para chegar a uma “solução pacífica para Fallujah”.

A quantidade de armas entregues está longe de corresponder à totalidade das existentes em Fallujah, dizem as autoridades americanas. Findo o prazo, as tropas dos Estados Unidos, em conjunto com a polícia iraquiana, vão começar a patrulhar as áreas de Fallujah que ainda não estão sob o controlo americano.

Fallujah tem sido um dos palcos mais sangrentos do processo de pacificação do Iraque. Ontem oito iraquianos e um soldado da coligação morreram em combates na cidade, após três horas de luta.

O último balanço oficial do Ministério da Saúde iraquiano de 23 de Abril dá conta de um total de 271 iraquianos mortos e 793 feridos em Fallujah desde o início do cerco das forças da coligação àquela cidade rebelde do norte do Iraque.

Pedro Rios