“O lugar de administração do major não está livre, está apenas ocupado”. Foi desta forma que Rui Rio, um dos administradores da Metro do Porto, sublinhou o carácter temporário da decisão do Conselho de Administração (CA) da empresa. A deliberação foi no sentido de solicitar ao presidente da Câmara do Porto que assuma a presidência interina da empresa enquanto estiverem suspensas as funções de Valentim Loureiro.

A decisão do CA da Metro do Porto surgiu na sequência de uma reunião ordinária agendada para as 18h de quarta-feira. Perto das 20h, foi distribuído aos jornalistas um comunicado onde a empresa informava que, “como era prática anterior” Rui Rio substituir Valentim Loureiro “nas suas faltas e impedimentos, foi deliberado por unanimidade” pedir ao autarca do Porto para ser o presidente interino da empresa.

Posteriormente, Rui Rio, em declarações aos jornalistas, sublinhava que o mais importante “é tranquilizar as pessoas”, já que “a Metro está em condições de continuar o seu trabalho em completa normalidade”. A obra, realçou o autarca, “é importantíssima para a cidade, para a Junta Metropolitana e para o país”, e garantiu que nada vai ser alterado: obras, prazos e orçamentos “serão cumpridos”.

Os estatutos da empresa não prevêem a substituição do presidente por determinação judicial. Confrontado com esta situação, Rio deu o exemplo do sucedido na presidência de Vieira de Carvalho, quando Valentim Loureiro o substituiu interinamente por motivo de doença. “O Conselho de Administração adoptou a mesma resolução, os nomes é que são outros”, afirmou.

Numa coisa Rui Rio concorda: a situação não é definitiva. Ela irá prolongar-se enquanto “o tribunal entender, por um lado, ou então enquanto a Assembleia Geral entender”. Isso, garante, já não é matéria para o CA da empresa. Rui Rio garante também que “não há razão nenhuma para pedir agora auditorias especiais quando há auditorias normais a decorrer”.

Na sequência do caso «Apito Dourado», surgiram notícias de supostos favorecimentos do major a um empreiteiro, que foram desmentidos por Oliveira Marques, presidente da Comissão Executiva da Metro do Porto. “As portas da empresa estão escancaradas” para todas as entidades que queiram auditorar a Metro do Porto, diz Rui Rio. Mas o autarca não deixou de referir que o Conselho Fiscal da empresa, a Inspecção Geral de Finanças e até a União Europeia analisam periodicamente as contas da empresa.

A Metro do Porto

Valentim Loureiro, o presidente agora suspenso, Rui Rio, presidente interino hoje designado, Narciso Miranda, Mário Almeida, Oliveira Marques, Duarte Vieira e Juvenal Peneda são os sete elementos que compõe o CA da Metro do Porto. Os quatro primeiros são designados pela Junta Metropolitana do Porto (JMP) e os restantes, que constituem a Comissão Executiva, são indicados pelo governo em articulação com a JMP.

De resto, o Estado detém 40% da Sociedade Metro do Porto (10% directamente, e indirectamente através de 25% dos STCP e 5% da CP), estando 59,9% das acções da empresa na mão da JMP.

Liliana Filipa Silva