Eles eram vermelhos, amarelos, azuis… Elas eram flores, bandeiras e golfinhos… Os jardins do Palácio de Cristal, encheram-se de crianças cheias de energia para festejar o seu dia. Eles, os balões, emprestavam ao céu uma festa de cores. Elas, as pinturas, colavam-se na cara das crianças, dando-lhes um ar muito primaveril.

Insufláveis, banca de pinturas em azulejos, exposição de desenhos e jogos variados eram as surpresas preparadas para as crianças que visitaram os jardins do Palácio de Cristal. As crianças estavam eufóricas… A Anabela de 10 anos, gosta muito deste dia porque “é muito fixe. Divertimo-nos muito”. Pintar a cara e brincar com os amigos é a actividade preferida da Anabela.

O André tem 9 anos e gostou muito dos “insufláveis porque fico ali todo atrapalhado e malho para um lado e para o outro”. O seu colega Alexandre quer muito ver “o teatro”, «História do Macaco de Rabo Cortado», pela Companhia de teatro Itinerante Os Últimos. Alexandre confessa que gosta “mais de estar aqui do que na escola”. O João de 5 anos dá a razão: “isto aqui é mais lindo”.

O centro das atenções estava na distribuição das 1000 bolas de futebol, pelas diversas escolas do Porto. “Por sermos anfitriões do Euro2004 e com o apoio da «Puma» nacional decidimos presentear 1000 crianças da cidade com uma bola oficial de futebol”, afirmou um dos organizadores do evento. Acontece que houve crianças que se foram embora sem bolas e, por isso, “muito tristes”, segundo uma educadora da Associação de Moradores da Escola Académica, instituição que ficou de fora dos presenteados.

Polémicas à parte as brincadeiras continuam com palhaços, fadas, fantoches, entre muitas outras personagens. O palhaço de serviço, rodeado de crianças, fazia esculturas com balões. Espadas, cães e flores eram os desenhos preferidos. Sérgio Ferreira, o rapaz por detrás do palhaço, confidencia que “os adultos são mais chatos que as crianças” e que a sua função é “animar o espaço”.

54 anos a defender os direitos das crianças

O primeiro Dia Mundial da Criança aconteceu a 1 de Junho de 1950. Depois da 2º Guerra Mundial, em 1945, e com a crise que afectou muitos países da Europa, do Médio Oriente e a China, muitas crianças viviam em más condições. Foi para salvaguardar os direitos das crianças que nasceu o dia destinado aos mais novos.

Com a criação deste dia, os estados-membros das Nações Unidas, reconheceram a todas as crianças do mundo o direito ao afecto, amor e compreensão; alimentação adequada; cuidados médicos; educação gratuita; protecção contra todas as formas de exploração; crescer num clima de Paz e Fraternidade universais.

Estes direitos e a situação do mundo parecem não coincidir. Para Florinda Albergaria, professora do Primeiro Ciclo, “estas crianças são privilegiadas, apesar das carências nas escolas, não têm fome, têm paz, não têm uma bomba ao lado. Ao ver o telejornal até arrepia ver como são privilegiadas”, afirma a professora.
Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, prefere falar em “contradição com direitos humanos”, em geral. E dá o exemplo das “fotografias horríveis que vieram a público a propósito do Iraque, já depois da guerra”.

Rui Rio diz que este dia “é necessário para reavivar a obrigação que temos de olhar para as crianças, pois no turbilhão do dia a dia, muitas vezes, esquecemo-nos”.
Para a professora Florinda, os dias mundiais “não deviam de existir porque todos os dias são especiais e partilhar um dia, leva ao esquecimento”, diz a professora.

Os festejos do Dia Mundial da Criança estendem-se até sábado, o Dia Mundial do Ambiente.

Vânia Cardoso