A Faculdade de Economia da UP fez 50 anos em 2003. Quais são os seus principais problemas?

O principal problema da faculdade prende-se com o espaço. Este edifício foi projectado nos anos 60 e desde então o número de alunos e docentes cresceu muito. O espaço já não chega. Quem olha para a faculdade e não a conhece pensa que a falta de espaço não é um problema, porque vê todos estes espaços perdidos enormes, mas na realidade o problema existe. Está, por isso, já a ser preparado um novo edifício na parte da trás da faculdade.

Já existe uma data para a inauguração desse edifício?

Está previsto que entre em funcionamento já no próximo ano lectivo.

Há pouco tempo houve aqui na faculdade uma recolha de sangue. O presidente da Associação de Estudantes, João Simões, disse ao JPN que a recolha teria de ser feita nos corredores por não existirem salas disponíveis. Até que ponto é que a falta de espaço afecta o normal funcionamento da instituição?

A falta de espaço e o problema com as instalações é um dos problemas, não sei se é o principal. Este edifício já tem mais de 30 anos e começa a dar sinais evidentes de degradação. Às vezes temos uma ocupação de salas de 100%. A única solução nessas alturas é dar as aulas noutros locais da faculdade que não nas salas de aulas.
Mas existem outros problemas que se prendem com a carreira docente. Houve uma alteração no estatuto da gestão. Claro que não é por termos a gestão que temos que existem problemas. Há aliás um modelo descentralizado na gestão das faculdades da UP, que lhes permite resolver os seus problemas autonomamente.

Os alunos da FEP têm uma boa aceitação no mercado de trabalho?

Ao fim de 3 meses, depois de terminada a licenciatura, cerca de 80% dos licenciados são colocados no mercado de trabalho. Claro que não estamos imunes à conjuntura económica, mas os cursos aqui da faculdade são muito polivalentes. O curso de economia, por exemplo, tem também uma vertente de marketing, de gestão… Os licenciados saem daqui habilitados para trabalhar em muitos locais.

O curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação é o resultado de uma parceria entre a Faculdade de Economia, a Faculdade de Letras, de Engenharia e de Belas-Artes. Que participação real é que esta faculdade tem no curso?

A participação está a aumentar. Se no princípio o curso estava mais ligado à Faculdade de Letras, agora a gestão é mais autónoma. A participação da FEP prende-se com a indicação dos docentes. A nossa faculdade indica à direcção do curso os docentes mais adequados para cada área. Aliás, quando foi assinado o protocolo, a Faculdade de Economia comprometeu-se a colocar docentes no curso.
Mas quanto ao curso, propriamente dito, acho que o seu principal problema é que não é de lado nenhum. Ninguém entende que o curso é seu. Penso que isto tem a ver com a interdisciplinaridade que se quis conferir ao curso quando ele foi criado.

Existem muitos alunos de Erasmus na FEP?

Sim, há um número significativo de alunos de Erasmus na FEP. Mas gostamos sempre que eles aumentem e para isso existem aulas que são dadas em inglês. Desta forma os alunos que vêm do estrangeiro têm mais facilidades nas aulas e aumentamos também o à vontade com que os alunos portugueses lidam com o inglês. Os resultados têm sido muito bons. O número de vagas que temos para alunos que vêm do estrangeiro não é suficiente para a procura.

A FEP celebrou 50 anos em 2003. Que evoluções é que a faculdade sofreu ao longo deste meio século de existência?

Muitas das mudanças são mudanças do tempo. Não foi só a faculdade, mas a universidade e o próprio país que mudaram. Só que um dos problemas em Portugal é que não se vê o que se fez, mas o que falta fazer. Muita gente fala do ensino superior sem saber o que ele é. Mas falando das evoluções, hoje a faculdade é mais eficiente. Temos o Gabinete de Apoio ao Aluno que não existia, o Gabinete de Apoio Psicológico, temos centros de investigação com classificação de muito bom. Existe também uma grande dedicação à casa que antes não havia. É evidente que as expectativas são muito maiores. No seio da UP, a Faculdade de Economia tem uma grande capacidade organizacional.

Que outras particularidades destacaria na Faculdade de Economia do Porto?

Teve sempre algo muito diferente das outras faculdades. Demos sempre muita importância à empregabilidade. Em economia há também marketing e direito que é para o estudante perceber o que o rodeia. Existe também uma boa combinação de diferentes escolas de pensamento e de diferentes trajectórias, no que diz respeito à carreira dos docentes. O terceiro factor é sermos do Porto. Somos a maior escola pública do Norte, da área da economia, a nível universitário. Captamos por isso os estudantes do Porto e da área circundante, que são, segundo as estatísticas, os melhores do país.

Andreia Ferreira