O maior partido da oposição ao Governo acusou o Governo de “falta de coragem e de autoridade”, durante o debate parlamentar sobre as contas públicas. O presidente do PSD, Marques Mendes, afirmou que “um Governo que não tem coragem de impor portagens, respeitando a óptica do utilizador-pagador, mas que, em vez disso, aumenta os impostos, é um Governo sem autoridade”.

Marques Mendes considera que “aumentar os impostos é retirar dinheiro às pessoas para meter nos cofres do Estado” e que “o aumento do IVA vai afectar a competitividade do país”. “Disciplina, rigor e estabilidade” são os valores que o PSD considera indispensáveis para que o Governo adquira credibilidade junto dos agentes económicos.

Marques Mendes lembrou a altura em que Sócrates considerava o aumento do IVA um “crime económico” e afirmou que, mais importante que aumentar os impostos, é o “combate à evasão fiscal” e um “maior rigor do lado da despesa”. O maior partido da oposição defende ainda o aumento da iniciativa privada, uma vez que “hoje o Estado é grande demais”.

Marque Mendes disse que o PSD não quer insistir “no passado”, adoptando, em vez disso, “uma atitude responsável”. “É o país que nos motiva e orienta”, afirmou.

A resposta de Sócrates

Em resposta às críticas do PSD, José Sócrates garantiu que não vai “repetir o discurso da tanga nem os erros do passado”. O primeiro-ministro diz que estas medidas “são contra os privilégios e as injustiças e não meramente paliativas” e justificou o aumento do IVA com a “necessidade de controlar o défice”. Mas deixa o alerta de que “resolver o problema do défice não é o mesmo que resolver os problemas da economia”.

Quanto às acusações de incoerência em relação às promessas feitas durante a campanha eleitoral (em que se comprometeu a não aumentar os impostos), José Sócrates diz que “o programa orçamental do Governo era adequado para uma situação menos grave”. “Os 6,23% de défice acuais”, afirmou, “são o resultado das políticas dos últimos três anos”. José Sócrates desafiou a oposição a apresentar soluções para a resolução dos problemas, em vez de fazer o que considera um “exercício de oportunismo político”.

Anabela Couto
Foto: Lusa