Nos Estados Unidos e no mundo, nada voltou a ser como era depois do dia 11 de Setembro de 2001. Os EUA declararam “guerra ao terrorismo”, depuseram pela força o presidente do Iraque, a Al-Qaeda fragmentou-se para além do imaginável e reinvidicou um enorme número de ataques contra o mundo Ocidental e as nações árabes.

Tudo isto se passou fora das fronteiras norte-americanas. Mas o que é que se passou dentro do país mais poderoso do mundo? Apesar da união que se gerou nos primeiros meses depois do 11 de Setembro, a sociedade norte-americana dividiu-se profundamente nos tempos que se seguiram.

45 dias após o 11 de Setembro, o Congresso norte-americano aprovou uma série de leis que, segundo a administração Bush, davam às autoridades federais poder para exercer uma mais eficaz luta contra o “terror”. O “Patriot Act” (Uniting and Strengthening America by Providing Appropriate Tools Required to Intercept and Obstruct Terrorism Act of 2001) expira em 31 de Dezembro deste ano e deve ser renovado pelo Congresso nos próximos dias.

O “Patriot Act” foi encarado por muitas associações e intelectuais como um ataque aos direitos civis dos cidadãos norte-americanos, já que confere a agências como o FBI a liberdade para vigiar os cidadãos e os seus hábitos (de leitura, por exemplo) com maior facilidade.

Muitos analistas, como o professor de Psicologia Social da Universidade de Brown, Gregory Elliott, consideram que leis como esta foram aprovadas “aproveitando-se dos medos dos cidadãos após o 11 de Setembro, convencendo-os que passavam a estar mais seguros”.

De acordo com uma sondagem [PDF] da Universidade do Connecticut realizada em Agosto deste ano, 44% dos norte-americanos não acreditam que o “Patriot Act” tenha evitado ataques terroristas contra o seu país.

Mais de metade dos inquiridos não sabiam para que serve o “Patriot Act”. Em declarações à Associated Press, o director do centro de sondagens da Universidade, Samuel Best, afirmou que “a maioria das pessoas não sabe distinguir o ‘Patriot Act’ da guerra ao terror de uma maneira geral”.

Tiago Dias
Foto: Getty Images