A estação de televisão pública italiana RAI vai transmitir amanhã, terça-feira, uma reportagem de 27 minutos, sobre a utilização de armas proibidas pelo exército norte-americano durante as suas acções de combate no Iraque, particularmente durante a tomada de Fallujah.

A reportagem, que pode ser descarregada ou vista, em italiano, inglês ou árabe, no “site” da RAI, feita pelo jornalista Sigfrido Ranucci, mostra testemunhos de soldados norte-americanos e de cidadãos iraquianos que confirmam várias das acusações feitas ao exército dos EUA ao longo da invasão do Iraque.

A acusação mais grave a da aplicação do fósforo branco (ou MK77), um produto com composição diferente da do “napalm” (químico usado durante a guerra do Vietname), mas com os mesmo efeitos práticos.

“O fósforo queima até ao osso”, afirma na reportagem o antigo soldado da 1ª Divisão do Exército norte-americano, Jeff Englehart. “Reage com água, oxigénio e pele”, explica o militar. Englehart prossegue esclarecendo que “a única maneira de parar a queimadura é com lama molhada”, e reconhece que “naquele ponto isso já não era possível”.

A reportagem da RAI mostra também vários actos de vandalismo em mesquitas onde foram pintadas cruzes e exemplares do Corão profanados.

Desde a tomada de Fallujah, que durou vários meses, já que era considerada o bastião da resistência sunita, que circulavam rumores sobre o uso, pelo exército norte-americano, de armas proibidas, devido aos corpos que eram encontrados derretidos depois dos bombardeamentos. O departamento de Estado dos EUA sempre negou a utilização deste tipo de armas.

A reportagem de Sigfrido Ranucci chega numa altura em que a administração Bush se encontra debaixo de sérias críticas, mesmo por parte de republicanos, representados pelo senador John McCain, por tentar fazer passar uma lei que iria dar a agentes da CIA imunidade contra a proibição de tortura.

O MK77, considerado uma arma química, é uma evolução do “napalm” e está proibido pelas Convenções de Genebra desde 1980, que proíbem o uso de armas incendiárias.

Tiago Dias