A liderança da Federação Académica do Porto (FAP), estrutura que congrega 26 associações de estudantes e representa 60 mil alunos, é disputada, pela primeira vez nos seus 16 anos de existência, por mais do que uma lista.

A 5 de Janeiro, a nova direcção da FAP será definida pelas quatro associações de estudantes que ainda não expressaram o seu sentido de voto, uma vez que as restantes 22 já manifestaram a sua escolha, dando origem à formação de duas listas.

Ao que o JPN apurou a eleição da nova direcção da FAP está dependente do voto das associações da Faculdade de Psicologia, Ciências da Nutrição, Universidade Lusíada e Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).

Sujeitas ao escrutínio dos estudantes estão a lista A, liderada pelo actual vice-presidente da FAP, Pedro Barrias (23 anos, aluno do 4º ano da Faculdade de Direito, vice–presidente da FAP), e a lista Z, de Francisco Vieira (26 anos, aluno do 4º ano da Faculdade de Engenharia).

Lista Z promete rever estatutos

Os estatutos da FAP são o principal ponto de divergência das duas candidaturas. Francisco Vieira quer revê-los para que, em eleições futuras, possa haver mais candidaturas. Por outro lado, Pedro Barrias afirma não encontrar qualquer justificação para serem feitas alterações aos regulamentos da federação.

Segundo Francisco Vieira, “uma lista candidata pode albergar até um máximo de 15 associações de estudantes diferentes. Assim, num universo de 26 associações, uma lista garante a vitória por maioria simples”.

Ou seja, para o candidato da lista Z, “os estatutos da FAP condicionam o aparecimento de mais do que uma lista”. Por isso, defende que “é necessário repensar os estatutos para que isso não aconteça”.

Para Pedro Barrias, que encabeça a lista A, “a candidatura da lista Z parte de pressupostos errados”, uma vez que, “estatutariamente, não existe qualquer limitação à candidatura de quatro, cinco ou seis listas”.

Lista Z contesta falta de democraticidade

Francisco Vieira considera que não há democraticidade nas eleições da FAP: “ao nível democrático, a ausência de oposição limita muito o desenvolvimento da estrutura”, acusa o candidato.

O actual presidente da federação, Pedro Esteves, discorda, e considera que a falta de democraticidade “é uma falsa questão”: “sempre houve democracia na FAP”, argumenta. Ressalva, no entanto, que, “num universo tão pequeno, as coisas decidem-se um pouco mais cedo” e, normalmente, “não há espaço para duas candidaturas”.

“Nesta altura”, sublinha, “uma maioria já tinha decidido o voto”, e “ninguém se candidata se for perder”.

Apesar de admitir que a passagem pela direcção da FAP foi uma experiência positiva, Pedro Esteves diz estar “completamente de saída”: “sou finalista desde o ano passado. Agora, quero acabar o curso”.

“Cresci muito enquanto homem e cidadão durante este ano”, mas também “é preciso dar espaço aos mais novos” e criar “outras alternativas e formas de estar na academia”, remata o estudante que, a partir de Janeiro, deixará de liderar a FAP.

Ana Correia Costa
Foto: SXC