O presidente iraquiano foi a Samarra, local do último atentado a uma mesquita xiita, para fazer um apelo à paz e à união dos iraquianos. Jalal Talabani receia que os últimos ataques de extremistas empurrem o país para uma guerra civil.
“Estamos perante uma conspiração que visa quebrar a união no Iraque. Devemos manter-nos unidos para evitar uma guerra civil,” afirmou Talabani, na recepção a uma delegação da província de Salahuddin, que inclui Samarra, onde a quarta maior mesquita do Iraque foi atacada ontem.
A destruição da mesquita gerou uma onda de violência entre etnias iraquianas. Em protesto contra o ataque, que contém os túmulos de dois imãs xiitas dos séculos X e XI, descendentes de Maomé, vários milhares de pessoas atacaram mesquitas sunitas em Bagdade. Destes ataques resultaram a morte de mais de 100 pessoas, entre eles um repórter e a sua equipa, da televisão Al-Arabiya.
Noutro ponto do Iraque, a explosão de uma bomba no centro da cidade de Baaquba fez pelo 12 mortos, oito dos quais soldados, e 20 feridos.
Segundo a AFP, a principal lista sunita, a Frente da Concórdia, suspendeu hoje a sua participação nas negociações para a formação de um governo iraquiano, após os ataques de ontem. “Os dirigentes da Frente da Concórdia estimam que já não é possível continuar as negociações, e decidiram suspender a sua participação até que obtenham satisfação pelas suas reivindicações”, afirmam em comunicado.
Apelos à calma
A máxima autoridade religiosa xiita, o grande ayatollah Ali Sistani também já condenou a resposta agressiva da sua comunidade. Sistani apelou à calma e pediu à população para não atacar mesquitas sunitas.
O primeiro-ministro, Ibrahim al-Jaafari, decretou três dias de luto oficial e as autoridades religiosas xiitas uma semana de luto.
Para evitar novos ataques, as autoridades reforçaram o policiamento nas cidades. A polícia informa que ninguém está a salvo: os atentados são feitos de forma indiscrimada e podem atingir todas as pessoas, de todas as faixas etárias, de todas as comunidades.
