O Instituto Lusíada para o Direito do Ambiente (ILDA) e o Núcleo de Estudantes de Direito do Ambiente (NEDA) promoveram hoje, quarta-feira, o colóquio “Aplicação do Protocolo de Kyoto”.

O objectivo principal deste colóquio “é sensibilizar as pessoas, em particular os alunos e os formadores, para as questões ambientais”, disse a directora da ILDA, Branca Martins da Cruz.

A sessão da manhã contou com a presença do director do Gabinete de Relações Internacionais (GRI) do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, Nuno Lacasta.

Nuna Lacasta vincou que “estamos perante um fenómeno que, sendo a maior ameaça ambiental a nível mundial, não deixa de ser um problema que envolve muitos factores económicos e exige alguma negociação ponderada”.

A União Europeia (UE) decidiu controlar as emissões de gases poluentes de origem fabril e empresarial, ignorando que existem outros sectores responsáveis pela propagação de gases que provocam o efeito de estufa, referiu o director do GRI. Em Portugal, estão a ser controladas pelo Ministério do Ambiente 240 empresas.

Segundo Nuno Lacasta, “a conclusão é simples: é mais fácil controlar 240 empresas que milhões de portugueses, milhões de casas e milhões de carros”. O responsável refere como principais culpados do não cumprimento de Quioto por parte de Portugal, os sectores residencial, dos transportes e serviços.

“Devido as politicas públicas erradas, temos cada vez mais carros e percorremos distâncias cada vez maiores em carro particular. A piorar a situação, os portugueses são incentivados a comprar veículos importados, modelos que nos países de origem já nem se fabricam por questões ecológicas”, ilustrou.

Portugal já está para além do Protocolo de Quioto e Nuno Lacasta admite que o país tenha de recorrer ao comércio de emissões. “Estamos 40% acima de Quioto, parte deste défice terá de ser compensado com a compra de emissões a outros estados”, reconheceu.

Paula Teixeira
Foto: SXC