Um relatório do Conselho de Saúde de Madrid afirma que, das 2000 pessoas que ficaram feridas nos atentados de 11 de Março de 2004, 381 ainda não tiveram acesso a apoios hopitalares e psicológicos.

O mesmo documento confirma que no dia dos atentados 2061 pessoas receberam tratamento médico – um número bastante acima daquele que era calculado – e ainda hoje recorrem a especialitas, nomeadamente nas áreas de traumatologia, oftalmologia, neurocirurgia, otorrinolaringologia e cirurgia plástica.

Dezenas de pessoas foram submetidas a operações, a maioria das quais envolveu mais do que uma intervenção médica, e muitos feridos tiveram de passar por tratamentos de reabilitação. Um dos exemplos referidos no relatório é o caso de uma vítima que precisou de 11 operações, para além de apoio psiológico e de reabilitação.

As estruturas de Madrid mobilizadas em sequência do 11 de Março realizaram já mais de 14 mil consultas de apoio psicológico às vítimas, 79% das quais durante o ano seguinte aos atentados.

Existem 35 crianças diagnosticadas com stress pós-traumático, um síndroma inicialmente difícil de detectar, mas que a médio prazo se revela no aproveitamento escolar, no comportamento em casa e provoca distúrbios do sono.

Embora a grande maioria ainda recorra ao Gregório Marañon, o hospital para onde foram inicialmente canalizados os feridos, hoje o apoio às vítimas do 11 de Março já se realiza um pouco por toda a capital espanhola.

Uma equipa de 20 psiquiatras, psicólogos e funcionários administrativos estão, por exemplo, habilitados com uma unidade móvel que lhes permite actuar em situações de emergência.

Inês Castanheira
Foto: Manuel González Olaechea y Franco