Numa altura em que a política israelita se encontra rodeada de incertezas e indecisões, enquanto os partidos mais votados nas eleições de 28 de Março negoceiam para formar uma coligação que origine o Governo, o embaixador de Israel em Portugal, Aaron Ram, afirma sentir um “optimismo realista” quanto ao conflito israelo-palestiniano.

Falando à margem da conferência “Israel hoje”, que proferiu hoje, terça-feira, no Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA) de Gaia, Aaron Ram explicou que se se vier a confirmar a possibilidade, avançada hoje pela imprensa israelita, do Partido Trabalhista ficar com o Ministério da Defesa num futuro Governo, nada vai mudar na relação entre o exército e os palestinianos.

O embaixador considerou, ainda, que, caso o partido de Avigdor Leiberman (que é contra a retirada unilateral), Yisrael Beiteinu – de extrema-direita – vier a ser um parceiro da coligação no Governo, pode gerar um problema para os planos do primeiro-ministro interino e provável primeiro-ministro do próximo Executivo israelita, Ehud Olmert, de retirar unilateralmente dos Territórios Ocupados.

“Não há nada de negociável no meu direito a existir”

Quanto ao futuro, Ram referiu que o Roteiro para a Paz traçado pelo Quarteto (Nações Unidas, EUA, União Europeia e Rússia) é “uma boa plataforma”, apesar de ainda estar a “metade da primeira fase” por falta de colaboração das autoridades palestinianas.

O diplomata acusou o lado palestiniano dirigido pelo Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas, de não cumprir as suas obrigações no que toca ao controle das organizações violentas que actuem a partir dos Territórios Ocupados Palestinianos contra Israel.

Em relação à possibilidade de Israel negociar com um Governo palestiniano liderado pelo Hamas, Aaron Ram foi claro: “não há nada de negociável no meu direito de existir”, logo as negociações são impossíveis enquanto o Hamas não reconhecer o direito a existir de Israel.

Para além dessa medida, o Hamas deverá ainda reconhecer os tratados prévios entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (como Camp David ou Oslo) e abdicar da violência. “Os dois povos têm direito a um Estado”, afirmou o diplomata. O lado palestiniano é que “tem de mudar” de atitude para que seja criado um “parceiro” nas negociações.

Texto e foto: Tiago Dias