Como é a relação da Universidade do Porto com a autarquia?

É boa. Houve algum período de dificuldade relativamente aos edifícios mas isso já passou. As relações são boas e as perspectivas para o futuro são ainda melhores. Nomeadamente na área da inovação, tenho uma grande esperança que aquilo que se vai fazer no parque de Ciência e Tecnologia da Asprela tenha o apoio da Câmara do Porto e que esta seja um dos nossos parceiros.

Existem algumas queixas de que a Universidade do Porto está a abandonar o centro da cidade. Como é que as comenta?

Era impossível construir no centro uma Faculdade de Engenharia daquelas dimensões e virada para o futuro. A universidade está a fazer um esforço para não abandonar o centro – a reitoria, a faculdade de Farmácia e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar vão manter-se no centro. A Faculdade de Direito adaptou-se ao antigo edifício de engenharia [na Rua dos Bragas].

Em entrevista à revista UP, referiu-se à construção de uma segunda Universidade do Porto. Em que moldes isso se realizaria?

Disse que seria depois de 2020. O que queria dizer é que a UP atingiu uma dimensão muito boa e se vier a haver necessidade de crescer, penso que em vez de se expandir as nossas faculdades é preferível criar uma outra instituição nas áreas periféricas. Mas isto é só uma hipótese.

A Universidade do Porto está preparada para implementar o Processo de Bolonha?

Está preparada mas este processo corresponde também a uma mudança de mentalidades que vai demorar alguns anos. Para já, a universidade foi prudente, o que me pareceu bem. Não existem muitas mudanças, nem muitos novos cursos, os planos vão começar a funcionar em 2007/2008.

A UP está bem cotada a nível nacional. É importante dar agora o salto internacional?

É um passo muito importante que tem que se dar agora. Ainda não temos nenhuma universidade portuguesa nas 500 melhores do mundo. Temos que fazer um grande esforço de internacionalização que depende das relações com as universidades que estão mais perto como Minho e Aveiro.

Como é que essa internacionalização pode ser feita?

O primeiro passo é promover o intercâmbio através dos programas Sócrates e Erasmus, a participação em projectos europeus de investigação, uma maior participação nos mestrados e doutoramentos europeus. Tem que se ir por aí e promover contactos com as melhores universidades europeias e mundiais.

Marques dos Santos e Ferreira Gomes são os dois candidatos a reitor. A sucessão é um tema que o preocupe?

Não me preocupa mas tenho pena que não possa haver dois vencedores. Não tenho preferências, nem posso ter, apenas desejo as maiores felicidades a quem ficar.

Ana Rita Basto
Foto: Arquivo JPN