Uma equipa europeia de astrónomos, que integra dois investigadores portugueses, descobriu um novo sistema planetário, constituído por três planetas idênticos a Neptuno.

O “tridente de Neptuno” – nome que os investigadores atribuíram ao sistema – terá uma cintura de asteróides que o tornam semelhante ao Sistema Solar. A descoberta é explicada na edição de hoje da revista “Nature”.

O novo sistema tem também um terceiro planeta na zona habitável, à semelhança do que acontece no Sistema Solar com a Terra. Uma definição que significa que o planeta se encontra “numa zona intermédia em que a temperatura é idêntica à que temos na Terra”, explicou Alexandre Correia, investigador no projecto e docente do Departamento de Física da Universidade de Aveiro. Nuno Cardoso Santos, do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Évora, também faz parte da equipa.

Possibilidade “remota” de vida

Os planetas que compõem o sistema, e que realizam órbitas “quase circulares”, orbitam a estrela HD69830 – uma estrela próxima do Sol com cerca de 130 graus centígrados – e efectuam uma volta completa a cada 197 dias. De acordo com estudos de Alexandre Correia, o sistema é “estável dinamicamente”.

O primeiro e segundo planetas serão constituídos maioritariamente por rochas, contudo, o segundo planeta terá também uma extensa atmosfera. Já o terceiro planeta, 18 vezes maior do que a Terra, diferencia-se na composição pela existência de gelo, o que poderia, associado à sua localização (zona habitável) ser um indício de existência de vida. Contudo, de acordo com Alexandre Correia, a possibilidade é remota, pois “a pressão à superfície é de tal ordem elevada que pensa-se não ser possível a existência de água no estado líquido”.

No entanto, o investigador não descura a hipótese de existência de vida no planeta: “não é de excluir que este planeta possa ter ‘Lua’ e, se assim for, já pode ter vida”. “Mas actualmente não podemos saber nada. A única coisa que sabemos é que existe um planeta na zona habitável daquele sistema”, sublinha o docente da Universidade de Aveiro.

Nos últimos anos, e devido ao desenvolvimento de novas técnicas de procura de planetas extra-solares, para além de se ter descoberto gigantes gasosos como Júpiter (com 318 vezes a massa da Terra), tem-se vindo a encontrar planetas com massa equiparável à de Neptuno (cinco a 20 vezes a massa da Terra).

Rita Pinheiro Braga
Foto: Morguefile