A descida do desemprego em 1,1%, segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), não abrangeu o sector de desempregados com formação académica superior.

Os dados do IEFP apontam para uma subida de 17,1% no número de desempregados com altas habilitações literárias, o que na prática coloca 40 470 trabalhadores nesta situação, mais 5.897 que em Abril do ano passado.

Na região do Grande Porto encontram-se 15 mil pessoas à procura do primeiro emprego, tanto licenciados como de menores habilitações, num universo de 211 mil.

A UGT alerta para o aumento do número de inscritos em estágios profissionais, que não estão incluídos nos centros de desmprego, mas também não se encontram verdadeiramente inseridos no mercado de trabalho.

“Número de desempregados licenciados deve-se às condições do mercado de trabalho”

A responsável do Gabinete de Inserção na Vida Activa (GIVA) da
Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Marianela Oliveira, disse ao JPN que “tem havido um aumento significativo no número de pessoas que procuram o ensino superior, o que implica uma maior saída de potenciais trabalhadores qualificados ao longo dos anos.”

Para a responsável do GIVA, a tendência contraditória do aumento de desempregados licenciados em relação à quebra geral dos índices de desemprego pode em grande parte ser explicada por este aumento das inscrições no ensino superior.

Marianela Oliveira considera que a economia actual tem originado um pessimismo generalizado no mercado de trabalho assim como um “retraimento na contratação das pessoas, porque pensam não haver condições económicas para suportar uma pessoa com habilitações superiores, que muitas vezes implicam mais custos”.

Para a responsável do GIVA, a falta de condições do mercado dá azo a situações em que candidatos a empregos com habilitações académicas mais baixas obtêm níveis de empregabilidade mais altos porque implicam menos custos para a entidade empregadora.

André Sá
Foto: Joana Beleza/Arquivo JPN