347 idosos recorreram no ano passado à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) para denunciar maus tratos físicos (217 queixas) e psíquicos (225). Nos últimos cinco anos, 2.483 pessoas recorreram à associação. 2001 foi o ano mais negro, com 477 pessoas com mais de 65 anos a denunciarem terem sido vítimas de violência.

A associação assinala quinta-feira o primeiro dia anual de alerta sobre esta realidade que é “mais densa e grave” do que os números agora revelados, diz ao JPN José Félix da Silva, da APAV.

As estatísticas são um “reflexo muito diminuto” e a “ponta do icebergue” deste tipo de violência. Até porque os idosos que recorrem à APAV geralmente já sofrem maus tratos há algum tempo e escondem-nos por “vergonha” ou “falta de informação”. Segundo a APAV, todos os dias milhares de idosos são vítimas de violência física, psíquica ou financeira.

A maior parte da violência sobre pessoas com mais de 65 anos é praticada por companheiros (128 queixas) ou pelos filhos (101). A grande maioria dos agredidos é do sexo feminino. Os dados foram recolhidos em Lisboa e Porto, pelo seu peso populacional, mas segundo a associação esta realidade existe também nas zonas rurais.

A APAV juntou-se à Rede Internacional de Prevenção Contra a Violência sobre Pessoas Idosas e vai passar a dedicar o 15 de Junho a este tema. A associação convidou autarquias e instituições locais a dinamizarem actividades de sensibilização.

José Félix da Silva sublinha ainda a importância de “investir na qualidade de vida dos idosos” para que eles tenham uma “vida autónoma sem que fiquem à mercê de familiares violentos”. A APAV defende o “reforço de mecanismos de apoio domiciliário, ocupação de tempos livres e actividades de cariz cultural” dedicadas aos maiores de 65 anos, medidas essenciais numa sociedade a envelhecer.

Pedro Rios
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Foto: Morguefile