Um “grito de alerta” contra a “cultura da irresponsabilidade” que parece existir na comunicação social portuguesa. É o que pretende ser “Como Evitar o Atamancado do ‘Jornalês'”, o mais recente livro de Mário Pinto, professor de Ciências da Comunicação na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, editado pela Papiro.

A obra tem como principal público-alvo os estudantes de comunicação social, que, segundo Mário Pinto, incorrem nos mesmos erros que muitos profissionais do sector. No ensino secundário o “Português não tem o grau de exigência que seria de esperar” e há muitos cursos de comunicação que dispensam esta disciplina, que o autor considera “crucial” para o exercício de uma profissão que tem como missão “relatar factos”.

Sem querer “comprar uma guerra com ninguém”, apesar de saber que “Como Evitar o Atamancado do ‘Jornalês'” será um “livro mal amado”, o professor elenca numerosos exemplos retirados de vários jornais nacionais que formam o que apelida de “jornalês”. Para Mário Pinto, os erros tornam muitas vezes “ininteligível” o próprio texto e admite ainda que na televisão a situação é mais grave e tem “mais repercussões” nos espectadores.

São gralhas, erros ortográficos, redundâncias, incumprimento de regras da língua, construções frásicas erradas ou ambíguas, que alertam para o desinvestimento “um bocado aleatório” em recursos humanos como os revisores, uma “espécie em vias de extinção” nos jornais, em tempo de crise.

Pedro Rios
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Foto: Arquivo JPN