Desde o início do ano, foram abertas 700 investigações a casos de fogo posto e detidas 30 pessoas, das quais dez ficaram em prisão preventiva e 20 tiveram como medida de coação a apresentação periódica às autoridades. Os dados foram revelados hoje, terça-feira, à agência Lusa, pelo coordenador do Gabinete Permanente de Acompanhamento e Apoio aos Fogos da Polícia Judiciária, Pedro do Carmo.

De acordo com o responsável, uma “elevadíssima” percentagem de pessoas identificadas como autores de fogos florestais são reincidentes. O perfil do incendiário, em geral, traduz-se em indivíduos do sexo masculino, com idades entre os 20 e os 50 anos, desempregados, com baixo nível de escolaridade e consumidores de álcool.

Pedro do Carmo acrescenta que os autores actuam sem motivo definido, pretendendo, muitas vezes, provocar apenas agitação, sendo poucos os casos de incendiários com doença psiquiátrica.

Nos últimos cinco anos, foram condenadas ou ainda estão em cumprimento de pena 270 pessoas. Os dados são do Ministério da Justiça e incluem os incêndios dolosos e os que resultam de casos de negligência.

Porto é o distrito mais castigado pelos incêndios

O último relatório sobre incêndios, divulgado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), relativo ao período entre 1 de Janeiro e 15 de Agosto, aponta o maior número de fogos no distrito do Porto, com 4.354 casos. Segue-se Braga, com 2.637 ocorrências e Aveiro, com 1.856. Em Braga verifica-se a maior área ardida (6.940 hectares), seguida por Viseu (5.146 hectares) e Porto (5.024 hectares).

No total, Portugal registava 19.195 ocorrências, distribuídas por 2.402 incêndios florestais e 16.793 fogachos, e responsáveis por 33.164 hectares de área ardida.

Das 19.195 ocorrências, 6.805 registaram-se na primeira quinzena de Agosto, o que representa “um acréscimo significativo do número de ocorrências, embora assinalavelmente menor ao ocorrido no período homólogo de 2005”, lê-se no relatório.

Carina Branco
Foto: SXC