O Processo de Bolonha não vem banalizar o grau de mestrado, defendeu esta quarta-feira a vice-reitora da Universidade do Porto, Maria de Lurdes Correia Fernandes. “Temos que diferenciar as formações até Bolonha das formações pós-Bolonha. O mestrado tem componentes mais específicas que vêm complementar o primeiro ciclo e dar maior maturidade ao aluno”, justificou.

Bolonha foi tema de um mais um debate realizado pelo departamento de Política Educativa da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), que juntou mais de 200 participantes no anfiteatro nobre da instituição.

A presidente do Conselho Científico da FLUP, Fátima Marinho, vê até a suposta “banalização” dos mestrados e doutoramentos como algo positivo. “O mestrado significa uma formação ao longo da vida mais completa. Os alunos devem perceber que a licenciatura não vai dar acesso a um trabalho especializado”, afirmou.

Críticas à reestruturação do curso de História

A partir do próximo ano lectivo, os tradicionais cursos da FLUP têm os seus dias contados. É o caso de História, que vai obrigar os alunos que pretendem seguir a via de ensino a terem 50 unidades de crédito em cadeiras de Geografia, o que corresponde a nove cadeiras.

Esta questão foi origem de uma acesa discussão entre o professor de História e director da FLUP Jorge Alves e alguns alunos que protestaram contra as mudanças no curso.

Carlos Moreira, aluno do 1º ano de História, afirmou que “após décadas de crescimento caótico, que só contribuíram para descaracterizar e descredibilizar o ensino superior, é preciso definir um núcleo essencial de formação para cada área, mas não obrigar os alunos a estudar cadeiras de cursos que nada têm a ver com o que pretendem seguir”

Perante ruidosas críticas por parte dos alunos, a presidente do Conselho Científico, Fátima Marinho, admitiu que a reestruturação do curso de História tornou-se num dos “maiores desafios” do órgão.

“Há uma certa desarticulação que vem da tutela que, aliada à falta de informação e ao facto de estarmos a trabalhar com dúvidas, aumenta ainda mais as nossas dificuldades”, reconheceu.