“Pretexto para chatear o líder”

Questionado sobre as recentes controvérsias no PSD, Marco António Costa, número dois de Menezes em Gaia, diz que a polémica é “uma mera desculpa, um pretexto que as pessoas encontraram para chatear o líder do partido”, explicou. O vice-presidente da Câmara de Gaia não quis comentar as acusações feitas por Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, sobre as novas regulamentações no PSD.

António Capucho foi uma das vozes que se levantou contra as alterações aprovadas no Conselho Nacional da passada semana e, em consequência, deixará de presidir à assembleia da concelhia de Cascais a partir desta sexta-feira.

A sua decisão, segundo adiantou ao JPN, não foi influenciada pelo comentário “malcriado e grotesco” feito pela Comissão Permanente do PSD que agradeceu os serviços prestados pelo social-democrata. “Anunciei publicamente que não presido à assembleia porque eu entendo que esta não tem apenas função de condução de trabalhos mas também de fiscalização do acto eleitoral”, explica António Capucho.

O autarca da Câmara Municipal de Cascais entende que os regulamentos aprovados não são os mais correctos, pois o “novo sistema de pagamento de quotas, que permite aos militantes pagar à boca das urnas e em dinheiro, favorece o caciquismo”.

Questionado acerca da credibilidade do partido que tem sido posta em causa, Capucho avança que a “culpa é de quem persistiu nesta teimosia”. Segundo o autarca, os dez ex-secretários-gerais que escreveram ao Conselho Nacional apenas quiseram que se pensasse um pouco nas alterações, mas Menezes não os quis ouvir. “Eu acho que não lhe ficava mal ouvi-los, porque de facto alguma experiência hão-de ter neste domínio” acrescenta.

António Capucho pensa que é necessário ouvir as bases do partido acerca das decisões que se tomam, sobretudo quando se trata de matérias como esta, que não são subalternas. “Naturalmente gostariam que nos remetêssemos ao silêncio e que não os incomodássemos com estas coisas que são maçadoras, mas tenham lá paciência, eu tenho voz, tenho consciência e digo o que penso”, sublinha o autarca.

Mudança de símbolo é perigosa

Também a mudança de imagem do partido é alvo de uma crítica feroz da parte de Capucho, por razões estéticas e práticas. “Fazer uma campanha de estilização do símbolo do partido, do meu ponto de vista, é perigoso porque ainda há pessoas com alguma dificuldade de apreensão de imagem no nosso país que podem ser confundidas”, explica.

O símbolo tem além disso “uma carga histórica enorme, “pois foi criado pelos social-democratas durante a ocupação nazi na Alemanha “para mascarar as cruzes gamadas pintadas nas paredes”. A cor é outra das marcas da ideologia do partido e por isso António Capucho condena o fundo azul como cor dominante.