A primeira audiência para ouvir as diversas entidades envolvidas no processo da requalificação do Mercado do Bolhão, que teve lugar, esta segunda-feira, no Governo Civil do Porto, ficou marcada pela “nota negativa” atribuída à autarquia local por Fernando Jesus, deputado do PS destacado pela Assembleia da República (AR) como autor do relatório que tem de ser apresentado no Parlamento sobre a situação do edifício.

De acordo com o deputado, o concurso lançado pela autarquia não deveria ter sido “tão livre” ao permitir que o Bolhão adquirisse outras “actividades e funções”, como, por exemplo, habitações. “Andaram com o carro à frente dos bois. Deveriam ter pedido a opinião ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) e só depois ter lançado o concurso. E toda a polémica seria evitada”, referiu Fernando Jesus.

Pedro Neves, representante da TramCroNe (TCN), empresa concessionária do projecto do Mercado do Bolhão, afirmou que a empresa “está aberta a propostas” e diz não perceber “o que querem as pessoas que estão por trás” da petição contra a entrega da exploração do edifício à TCN. “Quando se levantam 50 mil pessoas e assinam uma petição que corrobora quatro pontos que estão presentes no nosso projecto, por que é que as pessoas continuam contra?”, questionou o engenheiro.

IGESPAR realça atenção ao património

A representar o IGESPAR, a arquitecta Paula Silva, referiu que para já “só existem intenções e não projectos” e que a demora dos procedimentos que o processo está a tomar “é normal”.

Quando questionada sobre se o debate levantado pela Plataforma de Intervenção Cívica tinha fundamento, a arquitecta realçou o facto de as pessoas “estarem atentas ao seu património”.

Também presente nesta primeira audiência esteve a arquitecta Teresa Novais, representante da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, que criticou a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) por não ter promovido um “debate mais alargado”. “O que nos preocupa é que nunca se reuniram todas as pessoas para se informarem de forma transparente e evitar a omissão de opiniões”, declarou a arquitecta.

Nas próximas audições vai estar presente a Associação de Comerciantes do Mercado do Bolhão, o antigo presidente da câmara, Fernando Gomes, o arquitecto Joaquim Massena e, posteriormente, a autarquia.