Em resposta às acusações do presidente da Câmara do Porto e da coordenadora do Gabinete do Mercado do Bolhão, na reunião de Executivo desta segunda-feira, relativamente a uma proposta de recomendação sobre o Mercado do Bolhão, Helena Ferreira redigiu uma carta aberta, na qual acusa a autarquia de “intimidação física e penhora ilícita”. A Câmara do Porto anunciou investimento de 230.000 de euros em infraestruturas no Mercado do Bolhão.

Cátia Meirinhos, vice-presidente da Go Porto e coordenadora do Gabinete do Mercado do Bolhão, na reunião do Executivo Municipal. Foto: Miguel Nogueira/ CMP

A presidente da Associação de Comércio Tradicional Bolha d’Água, Helena Ferreira, disse esta quarta-feira (28) ter sido alvo de “intimidação física” e de uma “penhora ilícita” por parte da Câmara Municipal do Porto. As declarações surgem numa carta aberta dirigida a Rui Moreira em resposta aos comentários tecidos pelo autarca na reunião do Executivo desta segunda-feira (26).

A propósito de uma proposta de recomendação do Bloco de Esquerda (BE) a pedir um “papel mais ativo dos comerciantes na gestão do mercado do Bolhão”, o nome de Helena Ferreira surgiu no âmbito da discussão.

Cátia Meirinhos, vice-presidente da Go Porto e coordenadora do Gabinete do Mercado do Bolhão, frisou que a presidente da Associação da Bolha d’Água “sempre se demonstrou uma pessoa que abraçava o projeto do Mercado do Bolhão”, acabando mais tarde por o cumprir com as suas obrigações e “difamar” o trabalho feito pela direção. “Não podemos dizer que [Helena Ferreira] tenha abraçado [o projeto], porque, desde que ela está presente, não cumpriu com o contrato, que está obrigada a cumprir, não tendo efetuado o pagamento de nenhuma renda desde que está no Mercado do Bolhão. Neste momento, já não é inquilina, e tem vindo, desde sempre, a difamar o trabalho todo que se tem feito”, disse a coordenadora.

Nas palavras de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, “não podemos tomar a nuvem por Juno”. “Temos uma nuvem. Temos alguém que objetivamente foi inquilina, já não é, nunca foi comerciante do Mercado do Bolhão, nunca lá vendeu uma coisa, nunca teve uma loja aberta, e que objetivamente o que quer é politizar o assunto e discutir o assunto com os órgãos políticos. Peço imensa desculpa, mas comigo não vai discutir este assunto, principalmente, nos termos e no formato em que as coisas têm sido feitas. Há, claramente, aqui uma tentativa de destruição por parte de uma pessoa que não foi capaz de abrir a sua loja, nem de pagar a sua renda”, referiu o autarca.

Helena Ferreira respondeu aos comentários tecidos na reunião do Executivo na quarta-feira (28) numa carta aberta dirigida a Rui Moreira. A presidente da Associação Bolha d’Água salientou que a sua empresa “se mantém inquilina” no Mercado do Bolhão, e que não é “devedora” da GO Porto, tendo já pago 21 mil euros, o equivalente a seis meses de renda.

Na carta aberta, é ainda referido um “relatório de peritagem e de inspeção” que aponta para o “incumprimento [da GO Porto] nas condições de entrega da loja”. A carta denuncia de igual forma uma “penhora ilícita”, assim como “intimidação física” que Helena Ferreira alega ter sofrido.

A proposta de recomendação do BE, que tinha em vista “um processo de análise, avaliação e revisão daquilo que regulamenta o mercado do Bolhão” foi retirada, com a garantia por parte de Cátia Meirinhos de que “isso já está a ser feito”.

A vice-presidente da GO Porto desvalorizou a preocupação com a continuidade dos comerciantes históricos mostrada pelo partido, tendo em conta que “dos 125 comerciantes do mercado, 86 são históricos”.

Dando o exemplo de “melhorias das infraestruturas”, Cátia Meirinhos revelou que está em curso um concurso para um reforço de sombreamento nas duas ruas laterais do mercado, que corresponde a um investimento “superior a 200.000 euros”, assim como a instalação de ares condicionados nas áreas dos congelados, o que se vai refletir num investimento de “cerca de 30.000 euros”.

Editado por Inês Pinto Pereira