O Sporting venceu o Benfica por 2-1, em Alvalade, adiantando-se assim nas meias-finais da Taça de Portugal. Apesar de terem estado por cima do jogo, os leões ainda tremeram perto do final.

Pedro Gonçalves e Viktor Gyökeres deram a vitória ao Sporting. Foto: Sporting/X

Na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, o Sporting Clube de Portugal venceu o Sport Lisboa e Benfica por 2-1. O jogo decorreu esta quinta-feira (dia 29), no Estádio José de Alvalade.

Antes do início da partida foi realizado um minuto de silêncio em homenagem a Filipa Mandeiro, antiga jogadora da equipa feminina do Sporting.

Nos jogos que antecederam o dérbi, os dois clubes tiveram fortunas bastante diferentes. Os encarnados vinham de um grande triunfo, por 4-0, frente ao Portimonense. Já os leões empataram em Vila do Conde, contra o Rio Ave, e perderam dois pontos na corrida pelo título.

Rúben Amorim efetuou várias alterações relativamente ao último jogo, algumas forçadas, outras por opção. Francisco Trincão e Gonçalo Inácio, ambos titulares na partida frente aos vilacondenses, ficaram de fora da ficha de jogo, devido a lesões. Franco Israel assumiu a baliza verde e branca, em detrimento do habitual titular Antonio Adán. O uruguaio tem vindo a ser o escolhido para as taças e continuou a ser aposta do técnico para o dérbi. Matheus Reis entrou para a ala esquerda no lugar de Nuno Santos, numa tentativa de trazer algum equilíbrio defensivo à equipa.

Apesar de ter três pontas de lança na ficha de jogo, Roger Schmidt voltou a optar pelo ataque móvel que tem vindo a usar nas partidas recentes. O técnico alemão não realizou qualquer alteração relativamente ao último jogo.

Primeira parte de sentido único

Desde o apito inicial, a equipa da casa mostrou-se mais confortável e assumiu desde logo o controlo do jogo. Aos 8’, reclamou-se grande penalidade nas bancadas de Alvalade, depois de uma possível falta sobre Pedro Gonçalves, mas após confirmar com o VAR, Fábio Veríssimo mandou seguir o jogo. Pote mostrou não ter ficado desmotivado e, na jogada imediatamente a seguir, aproveitou um cruzamento perfeito de Hjulmand e cabeceou para o fundo da baliza defendida por Trubin.


A equipa encarnada mostrava-se algo desorganizada no início da partida e não estava a conseguir lidar com as saídas rápidas dos rivais. Porém, os leões não conseguiam transformar este domínio em mais golos, com várias más decisões nos momentos de decisão.

Viktor Gyökeres era o ponto de destaque de quase todos os ataques do Sporting e foi travando uma batalha muito interessante com António Silva.

João Neves ia tentando remar sozinho contra a falta de inspiração das águias, mas sem grande sucesso. O jovem internacional português aproveitou a indecisão de Marcus Edwards frente à baliza e fez um grande corte para negar o golo ao inglês, mesmo em cima do intervalo. Foi uma primeira parte de sentido único, algo raro em jogos desta magnitude, com o Benfica a não conseguir criar uma única oportunidade de golo. O Sporting teve o controlo total da posse de bola e fez várias entradas perigosas na área encarnada, contudo, saiu para os balneários apenas com um golo de vantagem.

Ao intervalo, era claro que Roger Schmidt tinha de mexer na equipa e foi exatamente o que fez. À entrada para a segunda parte, Morato rendeu Alexander Bah, com Aursnes a passar para lateral-direito e o brasileiro a assumir a lateral esquerda para tentar evitar as conduções rápidas de Geny.

Balde de água fria quase gelou Alvalade

Nos instantes iniciais do segundo tempo o Benfica mostrou-se mais pressionante e com outra atitude, mas sem grandes resultados, pelo menos início. Logo no segundo minuto, foi assinalado penálti a favor da equipa caseira. A decisão de Fábio Veríssimo foi imediatamente revertida pelo VAR, depois de um claro fora de jogo de Gyökeres e simulação de Marcus Edwards.

Aos 53’, Geny Catamo, lança Viktor Gyökeres na profundidade, com o sueco a deixar Otamendi para trás e a não vacilar no frente a frente com Trubin, aumentando assim a vantagem dos verde e brancos.


Tudo parecia estar a correr bem ao Sporting e mal ao Benfica. Mas, a meio da segunda metade, a situação viria a inverter-se. Schmidt trocou Di María para o lado esquerdo, numa mudança que teve efeitos quase imediatos. O argentino aproveitou o perfil mais ofensivo de Geny e tomou a iniciativa do jogo encarnado, explorando o espaço dado pelo moçambicano. Aos 67’, o campeão mundial descobre Fredrik Aursnes com um cruzamento em arco e o norueguês só teve de empurrar para o golo. O Benfica mostrou uma eficácia exímia e conseguiu assim reduzir a desvantagem, naquela que foi a primeira grande oportunidade das águias no jogo.


A fórmula para o sucesso parecia ter sido finalmente descoberta pelos campeões nacionais e, apenas três minutos depois, Di María voltou a aterrorizar a defesa verde e branca. Novamente no lado esquerdo, o esquerdino faz uma combinação perfeita com Kökçü e rematou rasteiro para o fundo da baliza de Israel. Um balde água fria na equipa da casa que, depois de mais de uma hora de jogo sem ter concedido oportunidades, via-se agora em apuros. A esperança leonina foi rapidamente restaurada depois de Fábio Veríssimo consultar novamente com o videoárbitro e assinalar fora de jogo posicional a Casper Tengstedt. O avançado dinamarquês obstruiu o campo de visão do guardião uruguaio e invalidou assim o golo.


O resto do jogo não teve grandes oportunidades, tirando um cabeceamento de António Silva aos 80’ e dois remates muito por cima por parte de Ricardo Esgaio. Com o jogo já nos últimos instantes, Nuno Santos decide cometer uma loucura. O nomeado para esta edição do prémio Puskás parece querer repetir a presença na cerimónia do próximo ano. O estádio de Alvalade explodiu quando o ex-jogador do Benfica aproveitou uma bola no ar à entrada da área e, com um pontapé digno de karateca, fez o golo frente à sua antiga equipa. A festa durou muito pouco tempo, porque foi marcado um fora de jogo a Paulinho, no início da jogada, que tornou o golo ilegal.

Rúben Amorim: “Estamos com mais capacidade para vencer estes jogos”

Na sala de imprensa de Alvalade, o treinador do Sporting afirmou que foi “uma vitória claramente justa” por parte da sua equipa e acredita que “a vantagem podia ter sido maior”. Rúben Amorim sublinha que “é sempre importante ganhar jogos grandes” e que sente a equipa cada vez mais capaz de os vencer.

O técnico leonino manteve a postura de nunca comentar casos de arbitragem e deixou uma dica aos jornalistas: “A semana passada ninguém me perguntou sobre a falta sobre o Pote, portanto, vou manter a coerência e vocês poderiam fazer o mesmo. Se nunca comento, também não vou falar desta situação. Aí é que os meus jogadores me matavam”.

Quanto às mexidas efetuadas no onze titular, confirma que foi uma mistura de estratégia e gestão física do plantel: “Sabíamos que poderia haver um ataque móvel e quisemos jogar com um lateral mais baixo. Também por começar a haver algum cansaço. Foi parte da estratégia e da gestão para futuros jogos”.

Roger Schmidt: “Não estamos satisfeitos, mas temos de aceitar que o Sporting foi melhor”

O técnico do Benfica admitiu que os adversários foram melhores e que “por vezes é difícil jogar contra uma equipa boa” como o Sporting. Acrescentou que na segunda parte os encarnados conseguiram equilibrar o jogo e “podiam ter empatado”.

O alemão não ficou nada contente com a decisão da equipa de arbitragem de anular o golo de Di María: “Não houve fora de jogo, é muito simples. Na minha opinião, foi um golo bonito e limpo. O guarda-redes podia ver claramente a jogada. Não sei que regra usaram”.

Apesar da derrota, o treinador das águias afirmou que nada está perdido e que este jogo “foi apenas a primeira parte”.

A segunda mão está marcada para o dia 3 de abril. O próximo jogo do Benfica é outro clássico, desta vez no Estádio do Dragão, contra o FC Porto, no domingo (dia 3), em jogo a contar para a 24.ª jornada da Liga Portugal. Na mesma jornada e no mesmo dia, o Sporting recebe o Farense, em Alvalade.

Editado por Filipa Silva