Está consumado. Depois da vitória na Premier League no último round, relegando o Chelsea para o segundo lugar, o Manchester United ergueu esta quarta-feira a sua terceira Taça dos Campeões Europeus. Mais uma vez, a celebração dos red devils fez-se às custas do Chelsea. Na noite longa de Moscovo, John Terry falhou na hora errada e Van der Saar imortalizou-se ao parar o remate de Anelka.

Passavam largos minutos das duas da manhã em Moscovo quando, do alto da tribuna de honra do Estádio Luznhiki, três portugueses erguiam triunfalmente o mais desejado troféu do futebol europeu, a taça da Liga dos Campeões. Ronaldo, Nani e Queiroz viviam o momento alto das suas carreiras, enquanto outro português, Ricardo Carvalho, olhava desiludido para os compatriotas.

O duelo inglês começou ao ritmo de quem receia perder a mais importante das finais de uma competição de clubes. O Chelsea de Avram Grant apresentou-se com o fato “à Mourinho”: cínicos, matreiros e nada, mas mesmo nada espectaculares. O Manchester de Ronaldo, campeão inglês, jogou com a fantasia dos seus artistas mas dando primazia ao rigor defensivo. Assim se viveram os primeiros minutos da noite longa de Moscovo.

Ronaldo, quem mais?

Cruzamento de Brown, Ronaldo salta e de cabeça coloca a bola no canto inferior direito de Cech. Explosão de alegria no sector vermelho do Estádio Luznhiki. Estavam jogados 26 minutos da final da Champions e o astro lusitano confirmava o título de melhor marcador da edição 2007/2008 da Liga dos Campeões.

Até então, o Chelsea pouco ou nada fizera para honrar os compromissos de tão importante reunião. Mas quem viveu três gloriosos anos sob a liderança de José Mourinho não precisa de brilhar para convencer, precisa de marcar. E na primeira ocasião, Lampard marcou. Foi em cima do intervalo e a onda azul do sector oposto soltou o grito no Luznhiki.

O poste que deu prolongamento

Empatados ao intervalo, a segunda parte trouxe mais e melhor futebol à noite molhada de Moscovo. O Chelsea melhorou, e muito, em relação ao primeiro tempo e o Manchester manteve o ritmo da primeira parte. O resultado foi um bom espectáculo de futebol com duas equipas ávidas de sucesso. E a 10 minutos do soar dos sinos, Drogba, ao seu estilo, rematou forte e seco à baliza do gigante holandês na baliza dos red devils. Mas a bola bateu no poste e levou os “guerreiros” para mais meia hora de confrontos.

A trave que deu as grandes penalidades

A noite estendia-se na capital russa e os ingleses não decidiam o novo rei da Europa. Com as forças a abandoná-los a cada minuto que passava, os jogadores procuravam um último golpe de sorte que evitasse a lotaria das grandes penalidades. E mais uma vez, quase num acto trágico, o ferro da baliza de Van der Saar travou os sonhos do Chelsea. Lampard fez tudo bem, mas o destino estava traçado: grandes penalidades.

Ronaldo, Terry e Van der Saar

Com o relógio russo a passar da uma da manhã, os da terra de sua majestade preparavam-se para a decisão final. E tudo correu como planeado até um português partir para a bola. O mágico Ronaldo fez magia a mais na hora de mirar a baliza de Cech e falhou. Mais ninguém falhou até chegar a vez do capitão azul, John Terry. O golo dava o título, mas a bola bateu no poste e saiu.

A saga continuou. Anderson, Kalou e Giggs marcaram nos pontapés da morte súbita. Anelka não, porque Van der Saar reservou um lugar na história do futebol europeu ao defender o remate do francês.

O Manchester vencia 6-5 nas grandes penalidades e as lágrimas de Ricardo Carvalho, Terry, Lampard e companhia escorriam, mergulhadas na chuva de Moscovo. A felicidade de Ronaldo, Nani e Queiroz prolongou-se pela noite longa de Moscovo.