Cumprindo a tradição, a Assédio – Associação de Ideias Obscuras apresenta ao público português, por altura do seu décimo aniversário, mais uma peça contemporânea, deste vez pela mão do irlandês Tom Murphy.

Voltando a reunir o mesmo elenco e estrutura da primeira peça levada à cena pela Assédio (“O Falcão“, de Marie Laberge), há 10 anos, “O Concerto de Gigli“, para maiores de 16 anos, estreia esta sexta e estará em cena até 9 de Novembro no Teatro Carlos Alberto (TeCA), no Porto.

Com bilhetes entre 10 e 15 euros, pode ser vista de terça a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 16h.

Considerado pelo romancista Colm Tóibin como “a coisa mais próxima da genialidade de que a Irlanda se pode gabar”, Murphy junta-se à lista de estreias absolutas da Assédio, que conta com nomes como Martin Crimp, Marie Laberge, Jennifer Johnston ou Marie Jones.

Drama e comédia no mesmo palco

Em “O Concerto de Gigli”, mistura-se drama, ficção, reflexão e comédia.

O inglês J. P. W. King, uma espécie de curandeiro ou “dinamatologista” com promessas de curas goradas, é procurado no seu consultório por um “homem irlandês”, cujo nome nunca é revelado, com a ambição de cantar como Beniamino Gigli, um famoso tenor italiano do século XX.

Homem Irlandês e King, numa das ''consultas''Homem Irlandês e King, numa das ”consultas”

King vai partilhar de tal forma a obsessão do irlandês que acaba por ser ele próprio, no final da peça, a cantar como Gigli.

“Na peça é criado um ambiente ideal para dois homens desabafarem sobre uma série de coisas. Há aqui uma subtileza e um desfiar de questões, dúvidas, anseios, muitos deles implícitos na peça, tornando-a comovente”, diz João Pedro Vaz, actor que interpreta King

Momento oportuno para a exibição

Nuno Carinhas, encenador e cenógrafo da peça, defende ser este um “momento oportuno” para mostrar ao público português mais uma peça contemporânea inédita. “Este foi o tempo certo para uma peça que já estava agendada há muito. Além disso, foi uma oportunidade de reunir o elenco que já se reuniu para uma outra produção”, diz.

João Cardoso, o “homem irlandês”, explica que a peça, programada há uma “série de anos”, não foi mostrada antes por questões de trabalho, questões técnicas, logísticas e outras.

Rosa Quiroga, da direcção de gestão e interpretação da Assédio e que veste na peça a pele de Mona, vai ao encontro de Nuno Carinhas quanto ao momento certo para exibir esta peça. “O momento é oportuno pelos 10 anos da associação. Não tanto a peça, mas a equipa que congrega a peça, já que são os pilares fundadores da Assédio”, justifica.