O Núcleo de Experimentação Coreográfica (NEC) deixou a rua Miguel Bombarda em Janeiro para se instalar na Fundação Escultor José Rodrigues, na rua da Fábrica Social. Uma “aspiração antiga”, salienta Joclécio Azevedo, o director desta estrutura que promove e apoia a criação, discussão e formação na área da dança contemporânea.

Mais do que uma “vontade”, havia a “necessidade” de mudar, para bem do “desenvolvimento dos projectos” da associação. “A falta de um espaço próprio limitava a nossa produção. Fazia com que ficássemos dependentes de outras estruturas em termos de apresentação de projectos e, sobretudo, de um lugar para trabalho contínuo: formação e residências para projectos criativos”, explica Joclécio Azevedo.

Para o coreógrafo e bailarino, o NEC vai beneficiar por estar num local que “agrega estruturas ligadas à criação artística” – a Fundação Escultor José Rodrigues – e por continuar no centro do Porto, perto do Teatro Helena Sá e Costa, o que permitirá “conseguir, a longo prazo, capitalizar o público mais local”.

O novo espaço vai possibilitar ao NEC pôr em prática um dos seus “objectivos” centrais: desenvolver “projectos de criação”. As novas instalações estão “principalmente vocacionadas para residências artísticas e para apresentações em progresso”. A oportunidade de apresentar os projectos no espaço em que germinam e mantê-los “em cena durante mais tempo” é um dos grandes benefícios de “gerir o próprio espaço”, assinala o director.

“Programação mais contínua” para dinamizar a cidade

Não estar sujeito ao calendário de outras estruturas vai permitir desenhar “uma programação mais contínua” que servirá para estimular a “dinâmica criativa da cidade”. Fazer com que o “acesso ao processo criativo não aconteça só de vez em quando”, mas que seja “sempre” uma “possibilidade” para os criadores e para o público é o “grande investimento” do NEC para dinamizar o cenário da dança contemporânea no Porto.

O novo espaço vai também acolher peças de dança contemporânea, de produção interna e externa. Mas serão projectos “intimistas e experimentais”, mais perto da performance, pois “a sala não possibilita receber um espectáculo de média ou de grande dimensão”.

Com residências artísticas a começar “já no próximo mês” e com apresentações de projectos agendadas “para antes do final do ano”, a fase inicial da nova etapa do NEC põe a tónica em actividades de formação, “não só em dança, mas também no vídeo e em áreas mais teóricas”. Através destas actividades, a associação quer “chegar a outros públicos” e “aproveitar para experimentar a relação com o espaço” que “ainda está em construção”, aponta Joclécio Azevedo.

“Atelier de Experimentação Coreográfica”, “Workshop de Vídeo em Dança”, ou “Danças Diabólicas, Atelier de Dança e Filosofia para crianças” são algumas das actividades planeadas pelo NEC para começar a traçar o projecto de serviço educativo “pretentido”. Criar “aulas de iniciação para pessoas que nunca fizeram dança” é um dos planos de formação “em desenvolvimento”, revela Joclécio Azevedo. Agora com “autonomia de programação”, o NEC pode ser “um espaço e um serviço permanente de experimentação”.