O Festival Dias da Dança regressa entre 23 de abril e 5 de maio às cidades de Gaia, Porto e Matosinhos. A nova edição traz nove estreias absolutas e 13 estreias nacionais e celebra os 50 anos do 25 de Abril.

DDD'24

Cristina Planas Leitão e Drew Klein, codiretores artísticos do Teatro Municipal do Porto, apresentaram a programação da edição deste ano do DDD. Raquel Pardilhó/JPN

De Gaia a Matosinhos, do flamenco ao milly rock, os 17 palcos, nos quais decorre a oitava edição do Festival Dias da Dança (DDD), vão encher-se de bailarinos que vão convidar a audiência a partilhar e a sentir a paixão pela dança que, desta vez, é movida pela liberdade. No mês em que se celebram os 50 anos da Revolução dos Cravos, o festival chama o público a participar gratuitamente numa “dormifestação”, na qual os interessados vão poder pernoitar nas instalações do Rivoli. Durante a madrugada de 24 para 25 de abril, vai ser simulada uma reunião de macaronis com performers em role-play.

A programação dedicada ao 25 de Abril, que está ao encargo da União Negra das Artes (UNA), vai passar por três momentos: almoço-conversa; a “Rota de Fuga”, uma caminhada que liga a Praça da Alegria/Fontainhas à Circolando-Central Elétrica, acompanhada de narrativas gravadas em áudio-log; e uma atuação do DJ Set de Sound Preta, na Circolando.

Ao contrário do que tem sido feito, uma das prioridades deste ano foi a procura por mais coproduções internacionais, de maneira a reduzir a pegada ecológica e financeira. No meio de tantos regressos, como é o caso de Alice RipollJefta van DintherJan Martens e Catarina Miranda, o DDD traz para o cartaz novos nomes, entre eles, Amanda PiñaJeremy NeddLa Chachi, Radouan Mriziga e Kate McIntosh.

Se pudesse resumir a extensa (e intensa) programação, Cristina Planas, codiretora artística da Direção de Artes Performativas da Ágora, refere que os dois primeiros dois fins de semana “podem perfeitamente exemplificar a programação do festival”.

“Diria também que os dias de abertura são muito significativos. Por exemplo, no dia 23 de abril, começamos com a Alice Ripoll no Teatro de Bolhão, que é um espetáculo, uma festa e uma celebração. Depois passamos para o Rivoli, que é um espetáculo que é muito mais nostálgico, que passa uma ideia de humanidade atual, um pouco talvez sem sentido, perdida. Com uma reflexão sobre a vida e a morte e depois voltamos ao TMP Café, com Marco da Silva Ferreira, com uma festa performance. Ou seja, acho que esses fins de semana podem perfeitamente exemplificar a programação do festival”, referiu durante a apresentação da programação do festival, que aconteceu esta quinta-feira (21), no Rivoli. O festival realiza-se entre 23 de abril e 5 de maio.

Programa do festival conta 27 espetáculos 

A 26 de abril, o Teatro do Campo Alegre recebe “from rock to rock… aka how magnolia was taken for granite”. É, neste espetáculo que Jeremy Nedd, coreógrafo norte-americano, se inspira numa “ação judicial relativa a direitos autorais de um rapper contra uma empresa de videojogos e analisa um passo de dança como Milly Rock”.

No domingo (28), Marga Alfeirão, juntamente com Mariana Benenge, Myriam Lucas e Shaka Lion, traz para o palco “Lounge”: “um dueto para dois corpos que se identificam com o feminino e que, juntos, experimentam estados de descanso ativo e passivo”.

Dois dias depois (30), o espaço Álvaro Siza Vieira, na Casa da Arquitetura, acolhe “Lybia”, de Radouan Mriziga, que “procura desafiar a visão redutora do tempo”.

O hip hop vai marcar presença no Coliseu Porto Ageas com “tReta, uma invasão perfomática”, do coletivo brasileiro Original Bomber Crew. A 2 de maio, vai ser posta em ação “uma reedição da história em confronto direto com as forças conservadoras“.

No dia seguinte (3), vai ser possível ver pela primeira vez “Los inescalables alpes, buscando a Currito”, no qual María del Mar Suárez (La Chachi), segundo a nota de imprensa, desmonta e repensa o flamenco de uma forma “inovadora”, “hipnótica”, “magistral” e “visceral”.

A fechar a oitava edição, Amanda Piña, artista chilena, mexicana e austríaca, leva “Exotica” para o Campo Alegre, “numa sessão espírita, através da qual os bailarinos, enquanto antepassados, pessoas queer e mulheres negras do passado e do presente, ressurgem em palco e entram em diálogo com o olhar e a ancestralidade do público”, pode ler-se na nota.

Ao todo, vão ser apresentados 27 espetáculos ao longo dos 13 dias de DDD, entre os quais nove são estreias absolutas e 13 são estreias nacionais. Artistas consagrados e emergentes vão pisar os 17 palcos que estão distribuídos pelo Porto (Rivoli, Campo Alegre, CAMPUS Paulo Cunha e Silva, TMP Café, Serralves, Coliseu Porto Ageas, Palácio do Bolhão, Circolando – Central Elétrica, Praça da Alegria, Praça D. João I, Clube Fenianos Portuenses, Rua Escura e Pérola Negra), Matosinhos (Casa da Arquitetura, Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery e passeio da Praia de Matosinhos) e Gaia (Auditório Municipal e Varais da Afurada).

Festas depois das festas e aulas abertas

A noite de abertura do DDD termina no TMP Café com “Salão Pavão”, de Marco da Silva Ferreira, a partir das 23h00. Desde danças de salão a danças de clubbing, dez intérpretes dão vida a uma partitura coreógrafa que se transforma numa festa.

Às 16h00 do dia 27 de abril, no Palácio do Bolhão, Diana Niepce apresenta “Utopia”, que sustenta a “transgressão e a opressão dos limites físicos“. Durante quatro horas, a coreógrafa vai “homenagear os corpos por aquilo que são, através da sua própria história e saber”, lê-se na nota.

Às 17h00 do mesmo dia, “The Cursed Assembly” promete transformar o Clube Fenianos Portuenses em “The Macaroni Club”, com o objetivo de recriar, ainda que num tom especulativo, o que poderia ser uma reunião de macaronis. O público é convidado a fazer parte da história através da criação de personagens. Depois da peça, o TMP Café recebe uma festa às 23h30.

Vida e Obra”, de João dos Santos Martins com Adriano Vicente, Ana Rita Teodoro, Connor Scott, Natacha Campos, Noel Quintela, Sofia Kafol, Teresa Silva + Constança Entrudo + Filipe Pereira e Joana Mário, sobe ao palco do Auditório Municipal de Gaia a 4 de maio. A noite termina com a Vogue Night Party, que se realiza no Pérola Negra.

Mais direcionado para profissionais, o DDD’24 convida os artistas para residências nos estúdios do CAMPUS Paulo Cunha e Silva numa experiência “3Dimensional”. Ana Rita Xavier, Dileep Chilanka, nomeado pelo Serendipity Arts Festival, e Piwen Su, nomeado pelo Taipei Performing Arts Centre, são os artistas convidados deste ano. O trabalho desenvolvido vai ser apresentado a 4 de maio.

No CAMPUS, haverá ainda sessões de Yoga todas as manhãs, com Ana Santos Silva, Jovita Ivanaviciute e Marisa Vieira da Casa Ganapati. As aulas, que se vão realizar entre 22 de abril e 3 de maio – à exceção dos fins de semana -, começam às 8h00. Apesar de ser de entrada gratutita, é necessária uma inscrição prévia, que pode ser feita através do e-mail [email protected].

Os interessados podem ser adquirir os bilhetes na bilheteira central, no Teatro Rivoli, nas bilheteiras dos respetivos espaços de apresentação e na plataforma BOL. Há, no entanto, duas exceções: os bilhetes para os espetáculos, que se realizam no Auditório de Gaia, estão disponíveis na Ticketline e para os que se realizam em Serralves estão disponível na Blueticket. O preço dos bilhetes varia de espetáculo para espetáculo, entre os sete e os 12 euros.

Municípios querem manter colaboração

Na apresentação, estiveram também presentes representantes das autarquias do Porto, Gaia e Matosinhos. O presidente da Câmara Municipal do Porto e vereador da Cultura, Rui Moreira, considera que, “muitas vezes, estes projetos, principalmente quando envolvem parcerias entre cidades, são coisas muito efémeras“. “Temos conseguido manter esta colaboração e espero que isso continue no futuro”, continuou.

Paula Carvalhal, vereadora da Cultura e Programação da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, deixou um agradecimento e mostrou-se satisfeita por ser possível continuar a “trabalhar em parceria e continuar a trazer também a Gaia, estreias e coproduções que representam a nossa capacidade criativa como comunidade”.

Fernando Rocha, vereador da Cultura da autarquia de Matosinhos, por outro lado, salientou que “dificilmente alguém poderá ter a coragem de acabar [com o DDD] sem ter uma consequência de acabar com um festival desta dimensão, com a importância que adquiriu, fazendo parte hoje dos calendários desta área na vida da cultura das nossas comunidades”.

Editado por Inês Pinto Pereira