Para celebrar o Dia Mundial da Poesia e abrir a primeira edição do FIPP, foram espalhados vários poemas pela Invicta. O objetivo do FIPP é aproximar as pessoas da poesia. O JPN esteve à conversa com Francisco Reis, responsável pela livraria e um dos fundadores do FIPP.

Francisco Reis, responsável pela livraria e um dos fundadores do FIPP.

A livraria Poetria lançou esta quinta-feira (21), dia em que se celebrou o Dia Mundial da Poesia, a primeira edição do Festival Internacional de Poesia do Porto (FIPP). A programação ainda não é conhecida, mas vai ser anunciada até ao fim de maio. Em jeito de antevisão, foram espalhados pela cidade pontos de contacto digitais com versos alusivos ao festival.

Ao JPN, Francisco Reis, responsável pela livraria Poetria e um dos fundadores do FIPP, afirmou que o festival procura um “cruzamento de identidades, culturas e linguagens, tornando a poesia mais acessível e abrangente”. Esta aproximação ao poético vai materializar-se através de recitais, mesas redondas, oficinas, performances e outras atividades.

O FIPP vai ter quatro rubricas: “Poetry Visions, “Poetry Talks”, “Poetry Walks” e “Poetry Sounds”. No primeiro, o cinema e a poesia fundem-se; no segundo, fala-se e discute-se a poesia; no terceiro, resgata-se aquilo que Cesário Verde já anunciava: a deambulação. E, finalmente, no Poetry Sounds, dá-se a simbiose entre a poesia e a música.

O tema desta primeira edição do FIPP é “Ruir”. Alguns versos alusivos a este tema estão espalhados pela cidade do Porto para potenciar o interesse pela poesia e para anunciar o tema do festival. “Apesar das ruínas e da morte”, de Sophia de Mello Breyner, “Podia o céu ruir e a terra abrir-se”, de António Gedeão, e “Todas as memórias partilhamos, a ruína compreende tudo”, de João Miguel Fernandes, são alguns exemplos.

Neste novo festival de poesia,  propõe-se a “reflexão das diversas formas de rutura e transformação”, como explicou o responsável pela livraria Poetria ao JPN. Francisco Reis lança ao público uma questão, na certeza de que só a poesia na sua iminência poderá responder: Como pode a poesia subverter as ideias de poder, questionando os valores hegemónicos e abrir espaço para novas formas de pensar e sentir?”.

Francisco Reis considera o Porto “uma cidade de poetas” e, por isso, também a necessidade de inscrever a cidade nos roteiros de festivais internacionais de poesia. A Poetria e o FIPP estão a trabalhar em parceria com a região da Galiza, algo que para Francisco reflete o “compromisso do FIIP com a internacionalização e a valorização da cultura lusófona”.

O responsável pela livraria Poetria considera que “a poesia propõe um outro tempo”, um “tempo de contemplação”, onde o indivíduo da cidade apressada se depara com a suspensão do tempo, “imersão” e “escuta atenta”. Para Francisco Reis, isso permite não só uma “visão mais preocupada com o outro”, mas também “o potencial de calma”.

A programação do FIPP, que vai incluir todos os artistas e lugares onde os eventos do festival vão acontecer, vai ser divulgada até ao final de maio. As atividades e eventos começam no verão.

Editado por Inês Pinto Pereira