A literatura de ajuda e aconselhamento económico-financeiro tem cada vez mais seguidores. Na procura de saber que produtos escolher para controlar os gastos ou como seguir uma alimentação saudável e barata, as pessoas recorrem, cada vez mais, a este tipo de livros.

Livros como “O regresso da economia de depressão e a crise actual”, de Paul Krugman e “Seja mais esperto do que a crise”, de Luís Ferreira Lopes estão no top dos livros mais vendidos na livraria Bertrand. Mas há outros títulos que se destacam nas prateleiras da secção: “Os banqueiros não pagam a crise”, “Como esticar o salário e encurtar o mês” ou “Dicas para superar a crise” são outros dos títulos que “levam a crise” às montras das livrarias.

Paralelamente ao aumento da venda de literatura anti-crise, também o número de publicações sobre o tema teve um aumento significativo. Joana Almada, gerente da livraria Leitura, considera que muitas pessoas não procuram este tipo de literatura apenas devido à situação económica actual. “Muita gente compra os livros porque viu uma referência no jornal ou porque ouviram alguém falar e não tanto pela crise em si”, afirma.

Joana Almada, afiança, contudo, que existem pessoas que compram o livro para aprender a lidar com a crise. Outras há que os adquirem para saber “porque e como aconteceu e o que vai acontecer a seguir”.

“Se não nos deixarmos manipular, podemos ficar devidamente informados”

Filipa Mora, estudante universitária, comprou recentemente o livro “Os banqueiros não pagam a crise”, de Patrick Bonazza. Escolheu o título porque acha que “todos devem estar minimamente bem informados sobre a crise que se vive actualmente”. Além disso, acha que a ironia muitas vezes presente nestes livros “ajuda a encarar o tema com maior à vontade”, o que “torna a leitura e a compreensão mais fáceis”.

“É engraçado ver como aquilo que preenche o top de vendas são livros que explicam a crise e livros com sugestões de como ser feliz face a essa crise. Se tivermos atenção e soubermos o que estamos a adquirir, se soubermos qual a fonte essencial do livro e não nos deixarmos manipular acho que podemos estar devidamente informados com alguma facilidade”, reflecte a estudante.

Conselhos genéricos podem ajudar a controlar despesas

Já Ana Paula Africano, professora da Faculdade de Economia do Porto, o acesso a este tipo de litratura é uma maneira de ajudar os agregados familiares a “controlar os seus rendimentos de uma maneira mais rentável e responsável” num “período de dificuldades económicas”.

“Seguir alguns conselhos genéricos sensatos pode ajudar a poupar muito dinheiro nas situações do quotidiano e as pessoas podem realmente utilizá-los para melhor controlar as suas despesas”, diz ao JPN.

Para a economista, estes livros assumem uma função que passa, essencialmente, por ensinar a controlar e a manter os rendimentos de um agregado familiar. No entanto, afirma que este tipo de literatura “deve ser lido e interpretado com bom senso e aplicado a casos gerais e não a situações minuciosas”.