Por entre as moradias da Avenida Brasil, na foz do Porto, fica a casa onde o poeta António Nobre passou os últimos anos da sua vida.
As janelas partidas e o desgaste da tinta da fachada denunciam o estado em que o edifício se encontra. A placa, colocada pela Câmara Municipal do Porto (CMP), recordando que ali viveu e morreu o poeta da geração finissecular do século XIX, foi retirada há cerca de um ano.
Se, por um lado, há vozes de vizinhos que garantem que “foi o proprietário que a tirou porque quer mandar a casa abaixo e a Câmara não deixa”, Hélder Pacheco, historiador e membro da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) apregoa que quem retirou a placa “foi um grupo de vândalos que anda por aí”.
Lúcia Rosas, directora do mestrado em História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, explica que, de facto, existem casos em que o próprio proprietário retira a placa. Para a responsável, essa é uma forma de contrariar a “patrimonialização”. “Sabem que a partir do momento em que existe uma placa, não podem fazer nada ao edifício. Não querem que a câmara patrimonialize a casa porque, a partir daí, as coisas páram.”
O JPN tentou contactar com Alfredo Leite, subdirector da Autovia e alegado proprietário do edifício, mas não obteve qualquer resposta em tempo útil.