O Lar da Nossa Senhora do Livramento, construído há mais de 200 anos na Rua de Santos Pousada, no Porto, tem sofrido diversos ajustes e transformações ao longo das décadas. As mais recentes mudanças têm estado a cargo da associação Just a Change, que nesta última fase teve a IKEA como parceira na renovação de alguns dos espaços do lar.

Ivone Soares, antiga psicóloga do Lar do Livramento, é a diretora técnica da instituição desde 2011. Ao JPN, a responsável destacou que o Lar está sempre à procura de formas de melhorar, especialmente no que se refere à qualidade das suas intervenções e às condições físicas do espaço.

“Na avaliação por parte das famílias, crianças e profissionais do lar, os objetivos estratégicos mais fracos são as condições de acolhimento, conforto e bem-estar, mas esta é uma área com alto investimento financeiro. A intervenção da Just a Change é necessária para que as meninas possam ter conforto e se sentir bem na sua intimidade”, referiu a diretora ao JPN.

Atualmente, esta Instituição Particular de Solidariedade Social é uma Casa de Acolhimento Residencial, que recebe crianças e jovens do sexo feminino entre os 6 e os 25 anos, além de um jardim de infância.

Ivone Soares, diretora do Lar do Livramento. Foto: Natália Vásquez/JPN

A Just a Change é uma associação dedicada à reabilitação de casas de famílias em situação de pobreza habitacional através da ação de voluntários, mas também é desafiada por empresas a reabilitar instituições. Segundo José Afonso, o diretor de parcerias da Just a Change, o projeto do Lar do Livramento não difere muito da maioria das suas iniciativas. 

Durante os dois confinamentos, a casa sofreu um grande desgaste, uma vez que todas as residentes estiveram em casa. Quando os voluntários começaram as transformações no local, foi com o intuito de “trazer mais conforto às miúdas que aqui vivem”, reforça Afonso ao JPN. As 45 meninas e jovens do Lar do Livramento estão organizadas em cinco grupos, de acordo com o seu grau de independência.

A associação reabilitou os quartos e os espaços comuns de cada um dos grupos, em diferentes alturas. Fissuras tapadas e paredes pintadas de fresco deram novo aspeto a estas áreas do edifício.

A Just a Change começou em 2010. No início, contava com apenas alguns voluntários, que angariavam alguns “trocos” na baixa para comprar baldes de tinta. O seu primeiro projeto foi a remodelação da casa de um casal. 

Desde 2010 até 2015, a Just a Change reabilitou 25 casas. De 2015 até 2022, este número aumentou para 280, e provavelmente vai ultrapassar os 300 projetos até o final do ano. Esta evolução levou a parcerias com instituições e empresas relacionadas com os objetivos da associação, como a conhecida cadeia de mobiliário sueca IKEA. 

O voluntariado corportaivo tem, aliás, já um enorme peso na Just a Change. Em 2021, dos 1800 voluntários envolvidos na reabilitação de 56 edifícios em 14 localidades do país, mais de mil eram de empresas, sendo 736 os participantes a título individual.

Segundo Ana Barbosa, responsável de sustentabilidade na IKEA Portugal, a parceria entre a empresa e a associação aconteceu de forma natural, visto que existe um alinhamento de visão e de ação: “Tanto na Just a Change como na IKEA, consideramos que a casa é o lugar mais importante do mundo. Levamos três anos de parceria, com a intenção de dar uma casa digna e segura às pessoas que vivem em pobreza habitacional.”

A intenção da IKEA é também envolver os seus trabalhadores nestes projetos. Embora a pandemia tenha sido um desafio, limitando as ações do voluntariado, este ano a empresa quer fortalecer esta componente. De modo diferente dos poucos voluntários presentes na transformação de 15 casas no Algarve durante o ano 2021, a 30 de junho, a IKEA contou com dez colaboradores no projeto do Lar do Livramento, e com outros 20 colaboradores num projeto em Lisboa. O compromisso é a participação de 100 voluntários da empresa para este ano.

Durante os primeiros dois anos de parceria, a empresa refere ter dado 190 mil euros em produtos ou donativos para a reabilitação de cerca de 50 casas em 16 conselhos no país, e pretende continuar. Como afirmou Ana Barbosa ao JPN, a participação dos colaboradores nas parcerias com o Just a Change também beneficia a IKEA: “O envolvimento e a energia que os projetos trazem aos colaboradores é muito positiva. É motivador para eles, e para o negócio. O colaborador que se identifica com a empresa e com as ações que pode realizar nesta, contribui mais para os nossos objetivos.”

Artigo editado por Filipa Silva