Para os defensores do Comércio Justo, o modelo actual de comércio internacional prejudica os pequenos produtores dos países em desenvolvimento. A alternativa proposta é consciencializar os consumidores dos países do Norte.

O circuito dos “produtos justos” organiza-se em três momentos, que correspondem aos três grandes actores do sistema e definem a distribuição dos lucros.

Em primeiro lugar, estão os pequenos produtores dos países do Sul. Estes reúnem-se em cooperativas (como a UCIRI), que encaminham os produtos para os intermediários. É, também, através das cooperativas que são implementados os projectos de desenvolvimento nas regiões onde vivem os pequenos produtores.

Depois, os produtos são encaminhados para as organizações importadoras (como a Altromercato), que servem como intermediários: recebem os produtos das cooperativas, financiam o seu transporte e distribuem os mesmos pelas associações nos países do Norte.

Finalmente, já nas mãos das associações, os produtos são disponibilizados aos consumidores através das Lojas do Mundo.

O preço final, segundo Diogo Vaz da associação Reviravolta, é definido com base neste circuito, sendo que se procura uma distribuição do lucro baseado numa lógica de equidade: 33% dos lucros revertem para o produtor, 33% para o intermediário e 33% na venda final. No caso da associação Reviravolta, que é totalmente constituída por voluntários, as receitas são aplicadas em projectos de sensibilização e formação, como feiras, eventos ou acções de formação nas escolas.

Exigências

Para assegurar aos consumidores de que o produto que adquirem responde a todas as exigências de comércio justo, existem as Fairtrade Labelling Organizations(FLO), 24 organizações que rotulam os produtos como efectivamente “justos”. Estas organizações definiram os critérios de certificação tanto para os produtores como para as organizações que comercializam os produtos e controlam a sua aplicação.

No caso dos produtores, a FLO precupa-se, sobretudo, com a participação democrática em todas as decisões e com a distribuição equitativa dos lucros dentro das cooperativas, compostas por pequenos produtores.

Quanto às organizações, exige-se, essencialmente, que assegurem, através dos pagamentos e de contratos, que os produtores consigam não só cobrir as despesas da produção sustentável, mas também investir no desenvolvimento a longo prazo das suas produções.