Depois de nas últimas semanas a Europa ter estado dividida quanto ao esquema de ajuda à Grécia, ontem, quinta-feira, os líderes europeus chegaram a um consenso na Cimeira de Bruxelas.
O presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel estabeleceram um plano bilateral de empréstimos financeiros suportado pela intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). O pacto apenas será activado caso a Grécia entre numa situação de ruptura financeira. A chanceler alemã conseguiu, assim, impor todas as suas condições, o que supõe um êxito para Berlim, depois de várias semanas em “negociações” com a Europa.
Moeda única europeia ganha força:
De acordo com a Agência Financeira, o euro está hoje a ganhar força face ao dólar, muito graças ao acordo assinado ontem na Cimeira Europeia, em Bruxelas. A moeda única está a valorizar 0,66 por cento, relativamente à divisa norte-americana. Cada moeda de um euro vale, neste momento, 1,3367 dólares.
O acordo estabelece que os empréstimos bilaterais dos Estados vão operar apenas em “última instância”, quando “o financiamento do mercado for insuficiente”. O pacto está sustentado também pelo aval dos restantes países da Zona Euro. O texto prevê uma primeira intervenção por parte do FMI e depois, se for necessário, actuam os fundos dos Estados envolvidos no plano de auxílio comum.
Segundo a Agência Reuters, o primeiro-ministro grego, George Papandreou, descreveu a decisão como “um grande passo para um grande desafio”, mas deixou claro que o mecanismo de ajuda só é activado caso seja necessário. O mesmo indicou o ministro grego da Finanças Públicas, George Papaconstantinou: “A Grécia quer continuar a financiar-se nos mercados. Esperamos que nunca tenhamos que activar este mecanismo de ajuda.”
Jean Claude Trichet também mostrou apoiar o acordo. O presidente do Banco Central Europeu (BCE) só não concorda com a intervenção do Fundo Monetário Internacional. “Se o FMI, ou qualquer outra entidade externa, exerce alguma responsabilidade, em detrimento dos governos europeus, claramente é um sinal muito, muito mau”, sublinhou, esta quinta-feira.
O governo alemão acabou por aceitar um pacto europeu na questão da dívida pública grega, mas antes esclareceu que só aceitaria um plano de contingência com a intervenção do FMI e caso os membros da União Europeia aceitassem endurecer as regras do défice orçamental do bloco europeu.
Em declarações à Reuters, Angela Merkel afirmou, esta manhã, estar “muito contente” com o compromisso assinado ontem, quinta-feira.. “Penso que a Europa demonstrou a sua capacidade para actuar sobre um tema importante”, comentou. A chanceler alemã conclui que, a longo prazo, “é importante que a moeda que tem contribuído para a liberdade e cooperação permaneça estável. É por isso que ontem foi um dia muito importante para o euro”. (ver Caixa)