Foi no ano de 2000 que a Universidade do Porto (UP) passou a disponibilizar um curso voltado para a comunicação. Uma proposta de integração da Escola Superior de Jornalismo (ESJ) na UP desencadeou um processo que terminou na criação do curso. Como explica Rui Centeno, director do curso, “não fazia sentido integrar a Escola quando havia condições para criar um curso de raiz”.

Para avançar com este processo, criou-se uma comissão com membros das faculdades de Engenharia, Letras, Belas Artes e Economia. Nascia o curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação (JCC), uma parceria inédita entre quatro áreas de saber que se articulam para formar profissionais de Jornalismo e também de Assessoria e Multimédia. Esta multidisciplinaridade e a possibilidade de optar entre três ramos de formação fizeram do curso uma novidade para a época.

Para Helena Lima, docente que transitou da anterior licenciatura na ESJ, esta é aliás a sua “maior riqueza”.

Começar do nada com muito pouco

Erguer um curso de raiz não foi fácil. Administrativamente, o curso ficou integrado na Faculdade de Letras, mas a instituição não tinha espaço para as infra-estruturas necessárias. A solução foi, por isso, começar do zero num edifício pequeno e antigo, parte da antiga Faculdade de Engenharia, na Praça Coronel Pacheco.

“Os primeiros tempos foram muito difíceis porque não tínhamos instalações prontas”, recorda Helena Lima. A funcionária Ana Paula lembra que “as aulas começaram em inícios de Novembro, depois de sucessivos adiamentos”. Os mais afectados por toda esta situação foram os alunos.

Pedro Portugal integra o lote dos pioneiros da primeira licenciatura e considera que “os primeiros [alunos] acabaram por ser um bocadinho as cobaias”. Aqueles que entraram há dez anos em Jornalismo e Ciências da Comunicação encontraram um curso com planos curriculares ainda desarticulados, a funcionar em instalações pequenas, sem os recursos e materiais de trabalho necessários.

“Eramos cerca de 80 e toda a gente se conhecia”, refere Rita Fonseca, para quem “o ambiente foi decididamente a parte boa” de inaugurar o curso. Ana Isabel Pereira, também da primeira geração de JCC, conta que se sentia “numa escolinha e não numa faculdade”.

“Em dez anos já progredimos muito”

O curso foi crescendo e o ambiente familiar foi-se perdendo em favor da qualidade científica. Em 2004, saíram para o mercado de trabalho os primeiros licenciados, momento apontado por Centeno como um dos mais importantes na história do curso. Ainda em 2004 era criado o JornalismoPortoNet (JPN). Para Ricardo Fortunato, técnico de imagem que trabalhou durante seis anos no curso, este foi o momento mais marcante dos primeiros anos da licenciatura, pois “deu aos alunos a possibilidade de praticar jornalismo”.

Em 2005, comemorava-se o 5.º aniversário de JCC, com as primeiras Jornadas de Avaliação do Curso, momento de reflexão que se repete este ano. Em 2007, o curso adapta-se ao processo de Bolonha – de quatro anos de duração passa a ter três e muda de nome para Ciências da Comunicação: Jornalismo Assessoria e Multimédia (CC:JAM).

A par destes momentos, o pólo JCC ou CC passou por um processo de evolução constante. Hoje o curso continua na Praça Coronel Pacheco, mas conquistou um edifício inteiro com cinco andares, onde os alunos dispõem de uma biblioteca, estúdios de televisão e rádio com condições adequadas, sala de convívio e várias salas com computadores. Para além da licenciatura, os estudantes também podem tem também ingressar nos dois mestrados à disposição e a num doutoramento.

Em dez anos, o curso reforçou ainda a sua ligação ao exterior com parcerias em vários projectos, o que culminou, em 2009, com a instalação do Pólo de Indústrias Criativas da UPTEC , onde agora se encontram as redacções do “Público”, Agência Lusa e Rádio Nova, na Praça Coronel Pacheco.

É verdade que “em dez anos de existência”, o curso “já progrediu muito”. Mas Rui Centeno promete não baixar os braços: “há ainda muito a fazer”.