Depois de adoptar a Áustria como o país-tema de 2010, a Casa da Música (CdM) volta-se agora para o outro lado do Atlântico. Os EUA servem de inspiração para a programação do próximo ano, anunciou, esta terça-feira, à imprensa, o director artístico da instituição, António Jorge Pacheco.

Para 2011, estão agendados mais de 170 concertos e centenas de actividades do serviço educativo. A aposta é, uma vez mais, “diversificar os géneros musicais”, um propósito imediatamente exposto na escolha dos Estados Unidos como tema do ano. O país “onde melhor se fez sentir e continua a sentir-se o cruzamento de culturas na música”, salienta o responsável.

Jazz e ópera

No jazz, o maior elemento do “imaginário sonoro americano”, a CdM recebe em 2011 nomes como Patricia Barber (23 Abril), Elliott Sharp (28 Abril), Steve Coleman (15 Maio) e Ken Vandermark (22 Maio). Já no segundo semestre, em Julho, a norte-americana Maria Schneider vai dirigir a Orquestra de Jazz de Matosinhos.

Os cortes:

Tendo em conta a conjuntura actual, e apesar dos anunciados cortes estatais, António Jorge Pacheco garante que a programação para 2011 não foi, nem será, afectada. O investimento para a programação interna foi na ordem dos 3,7 milhões de euros.

Um dos maiores destaques do ano vai para a grande produção “Ring Saga”. Num só fim-de-semana, de 16 a 18 de Setembro, o Remix Ensemble, a comemorar dez anos de existência, compromete-se a apresentar as quatro óperas do “Anel de Nibelungo”, obra prima de Wagner, adaptada nos anos 90 por Jonathan Dove e Graham Vick.

“Ring Saga” segue depois para uma digressão por sete cidades europeias. Aliás, em 2011, “todos os agrupamentos da CdM vão dar concertos fora de portas”, evidencia António Jorge Pacheco. “São mais de cinquenta espectáculos em digressão nacional e internacional, o que é notável.”

Os destaques

Wolfgang Rihm, “um dos mais importantes compositores alemães da actualidade”, está em residência em 2011. Destaque ainda para Steve Reich, compositor em associação, com vários espectáculos programados para todo o ano. No primeiro, já em Janeiro, é acompanhado pelos Solistas da Sinfónica. A 10 de Maio, interpreta “Electric Counterpoint” e “2×5” dentro do espectáculo do agrupamento Ban on a Can, depois de dirigir uma palestra às 18h00.

Logo no início do ano, a 29 de Janeiro, em mais um cine-concerto a Orquestra Sinfónica do Porto interpreta a banda sonora de “2001, Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick. Em Março, o concerto dedicado à obra de Fernando Lopes Graça será gravado para a Naxos, uma das mais importantes editoras internacionais de música clássica.

Dentro do Ciclo Piano EDP, actua, a 25 de Maio, Philip Glass, compositor americano tido como um dos mais influentes do séc. XX e autor de bandas-sonoras de filmes como “The Hours” e “Notes on a Scandal”, pela qual recebeu um Óscar.

Em Junho, termina a interpretação integral das sinfonias de Mahler, iniciado este ano, com o concerto “A 5ª. de Mahler” pela Orquestra Sinfónica.

Música & Revolução

O festival “Música & Revolução” regressa, simbolicamente, a 25 de Abril, tendo as Revoluções Americanas como tema. Será um “momento excitante”, confessa Jorge Pacheco, tendo em conta a oportunidade de assistir, pela primeira vez em Portugal, à interpretação de “Amériques”, de Edgard Varèse, a “obra sinfónica do séc. XX que convoca o maior número de músicos”.

John Cage e os seus herdeiros espirituais John Zorn e Frank Zappa são algumas das inspirações para este festival, que decorre até 30 de Abril. Cabe à pianista Ursula Oppens abrir as hostilidades com a “obra genial” de Frederic Rzewski, “O Povo Unido Jamais Será Vencido”.