Quatro anos depois da reabertura, o Cinema Batalha voltou a fechar as portas, avança o Jornal de Notícias (JN). A entidade gestora do espaço, o Gabinete Comércio Vivo, resultante de uma parceria entre a Associação de Comerciantes e a Câmara do Porto, decidiu devolver o Cinema Batalha à empresa proprietária, a Neves & Pascaud, a 31 de Dezembro, data em que terminou o contrato de gestão.
Depois de ter estado encerrado durante seis anos, o Cinema Batalha reabriu em Maio de 2006, depois de uma profunda reabilitação no grande auditório, que passou a ter novas cadeiras e bastidores, ar condicionado, novos sistemas de ventilação e instalações eléctricas.
Um milhão de euros foi quanto custaram as obras de requalificação. Nos últimos quatro anos, o Gabinete Comércio Vivo gastou cerca de 300 mil euros em renda. Em declarações ao JN, Nuno Camilo, presidente da Associação de Comerciantes do Porto, afirma que “os prejuízos mensais avultados” e o facto do edifício “estar a precisar de algumas intervenções”, terminaram com um “projecto ruinoso, que não tem viabilidade”.
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Seja como for, só uma auditoria, que será apresentada “muito em breve”, se saberá qual a verdadeira situação das finanças do Gabinete Comércio Vivo.
Recorde-se que em Junho deste ano, Mário Dorminsky, organizador do Fantasporto, aludiu à possibilidade da mudança temporária ou efectiva do”Fantas” para este espaço. No entanto, a ideia acabou por ser abandonada para já pois a Cinema Novo, entidade que assegura o “Fantas”, teria de investir cerca de 500 mil euros para criar condições para o festival no Batalha. Um valor demasiado elevado, tendo em conta a capacidade financeira da empresa. Para concorrer a fundos europeus, o edifício não poderia pertencer a privados.
O cinema Batalha não foi o único a encerrar. Águia D’Ouro, Trindade e Olympia são outros exemplos de salas que tiveram de fechar as portas ou redireccionar a sua actividade.
O passado
Sob a designação de “High Life”, o Cinema Batalha abriu as portas em 1908, mas só em 1947 foi transformado por Artur Vieira de Andrade numa construção de referência da Art Deco em Portugal. O arquitecto inspirou-se na corrente expressionista para conceber um prédio com linhas curvas que transparecem uma ideia de movimento e dinâmica.
Progressivamente, o Batalha, tal como as demais salas, começou por perder clientes, acabando por fechar no Verão de 2000, altura em que a Câmara do Porto decidiu alugar a famosa “Sala Bebé” por um período de 30 meses, ou seja, até meados de 2003.
O Batalha reabriu em Março de 2006 já enquanto propriedade da empresa de audiovisual Neves & Pascaud, depois de sofrer obras de requalificação estimadas. O objectivo deste investimento era tornar o cinema num “espaço-âncora” que atraísse visitantes à Baixa e que revitalizasse o centro da cidade.