A edição deste ano vai prestar tributo a Margarida Cardoso, cineasta portuguesa. Para além das competições, existem três programas especiais dedicados à temática da sétima edição do festival. Estão 122 filmes, oriundos de 38 países, a concurso.

Rita Capucho e Ana Castro apresentaram a programação da sétima edição do Porto Femme. Foto: Íris Nunes/JPN

A sétima edição do Porto FemmeFestival de Cinema Internacional arranca no próximo dia 16 de abril e vai decorrer até 21 de abril. Esta edição, que tem como mote “Mulheres e Revoluções”, vai ao encontro da comemoração dos 50 anos do 25 de Abril e vai homenagear a realizadora Margarida Cardoso.

Durante a sessão de apresentação do programa, Rita Capucho, co-diretora do festival, relembrou que “o 25 de Abril para as mulheres demorou a chegar” e que “existe ainda uma série de revoluções” que se têm de fazer, “quer no presente, quer no futuro”.

A competição conta com 122 filmes, oriundos de 38 países, sendo que 11 são estreias mundiais, sete estreias internacionais, duas estreias europeias, 61 estreias em Portugal e 21 no Porto. Para Rita Capucho, o “Porto Femme ocupa assim um lugar especial nas geografias programáticas dos festivais de cinema, sendo um local privilegiado para a apresentação de novas narrativas”. 

Empenhado em divulgar o trabalho de mulheres e pessoas não-binárias e promover a igualdade e o empoderamento, o festival terá cinco competições: nacional, internacional, dedicada a trabalhos de estudantes, a XX Element e a temática – “Mulheres e Revoluções”. Para além das competições, existem ainda os prémios “Lutas e Direitos das Mulheres“, que distingue o melhor filme sobre a questão dos direitos da mulher; “A voz das mulheres“, que destaca a melhor criação nacional na denúncia de discriminação; e “Sororidade“, que homenageia associações que atuam no âmbito social. Neste último caso, vai ser premiada a associação “It Gets Better”, que se dedica à causa LGBTIQ+.

Existem também três programas especiais dedicados à temática desta edição. O primeiro – “Mulheres de câmara na mão, cinema e revolução” -, que contempla “a visão de várias cineastas portuguesas sobre o 25 de Abril“, tem Luísa Sequeira e Rita Capucho como curadoras. Esta mostra tem início pelas 16h15 na Casa Comum com o filme “O Aborto Não é um crime”, de Monique Rutller e Fernando Matos Silva. Depois, continua no Batalha Centro de Cinema com cinco filmes sobre o tema.

O segundo – “Uma revolução íntima – De monstros e mulheres no cinema indígena” – tem curadoria da colombiana Maria Luna-Rassa. Esta sessão, que acontece a 19 de abril, vai contar com o visionamento de quatro filmes no Batalha Centro de Cinema, realizados ou co-realizados por mulheres ou pessoas transgénero de comunidades indígenas. “Temos uma oportunidade única de conhecer o cinema indígena da América Latina“, referiu a co-diretora do festival.

Já no dia 20 de abril, pelas 17h15, acontece a sessão “Enfim, o amor!”, que conta com três curtas. Sob a curadoria de Janaína Oliveira, os filmes apresentados foram realizados por mulheres negras brasileiras. Rita Capucho explicou que, “segundo a Janaína, por norma, as mulheres negras e o amor não estão presentes nas narrativas“.

O festival conta ainda com sessões competitivas, mostras, homenagens, debates, workshops, sessões de Q&A, exposições e concertos, celebrando sempre a diversidade de géneros, temáticas e linguagens.

Margarida Cardoso homenageada

O evento de lançamento desta edição do Porto Femme foi a exposição “Margens”, que entre os dias 6 e 20 de abril vai estar no Mira Forum. Com 50 fotografias, a seleção pretende refltir sobre os locais que ocupamos. “Além das 50 que estão expostas estão outras 50 projetadas e portanto temos uma grande diversidade de olhares sobre o tema”, conta Rita Capucho.  A inauguração, de “casa cheia”, com mais de 200 pessoas, deu bons indicadores para o festival.

A cerimónia de abertura do festival acontece na próxima terça-feira (16), pelas 21h15. Durante a sessão, vão ser exibidas três curtas da competição internacional: “Mia“, de Karina Minujin”; “Uli“, de Mariana Gil Ríos; e “Oysters“, de Maïa Descamps. Rita Capucho considera que vai ser “um bom começo”, acrescentando que se segue uma festa com a DJ Redshoes.

Mas a diversão não fica por aí, já que está agendada uma outra performance – “Cartas de Longe” – de Maria de Maria para o dia 19 de abril, na Junta de Freguesia do Bonfim.

Tal como aconteceu em anos anteriores, a sétima edição do Porto Femme também vai homenagear uma cineasta: Margarida Cardoso, que retrata nas suas produções “revoluções individuais de personagens singulares“. Durante a sessão, marcada para 19 de abril, vai ser exibido o documentário “Understory”, de 2019, ao qual se seguirá uma conversa com a realizadora, mediada por Kitty Furtado. “Será uma oportunidade única para celebrarmos a vida e obra desta cineasta“, acrescentou Rita Capucho.

Nesta edição, os workshops não ficam de fora. O primeiro, que se realiza no dia 19 de abril, consiste numa oficina de introdução à arte do Pitch, com Hemi Fortes, e o segundo, dedicado à “Desconstrução de estereótipos – o cinema como linguagem para a transformação”, acontece entre 18 e 20 de abril.

No bar do Batalha Centro de Cinema, entre 17 e 20 de abril, vão realizar-se algumas conversas. “O aborto não é um crime“, que vai contar com a participação de Débora Dinis e Luciana Pinto e a moderação de Ana Sofia Pereira, vai abrir o ciclo de conversas. Para o dia seguinte, está agendada a conversa “Mulheres de câmara na mão, cinema e revolução“, que acontece no seguimento da programação especial. Esta sessão vai contar com a presença de Catarina Alves Costa, Luísa Sequeira, Raquel Freire e Ana Sofia Pereira. No âmbito dos outros temas, vão existir conversas com as curadoras Maria Luna-Rassa e Janaína Oliveira.

Ana Castro, presidente do XX Element Project, instituição organizadora do festival, sublinha que “é um grande privilégio” estar no Batalha Centro de Cinema. Revelou ainda que pela primeira vez o Porto Femme vai estar na Casa das Artes, e permanece na Casa Comum e na Universidade Lusófona. Parceiros continuam também a ser as Galerias Mira, o Maus Hábitos e a Casa das Associações do Porto.

A cerimónia de encerramento, na qual vão ser revelados os vencedores dos prémios da sétima edição do Porto Femme, acontece no dia 21, pelas 21h15.

Editado por Inês Pinto Pereira