Além da mostra habitual do melhor do cinema fantástico, a 31.ª edição do Fantasporto (Festival Internacional de Cinema do Porto), dedica, também, um programa especial às artes plásticas, denominado “Artes Plásticas e Cinema”.

Este programa, que conta com a parceria da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e da Universidade Católica, inclui debates e exposições no Teatro Rivoli, assim como a produção de 17 filmes/documentários sobre artistas de topo da cena artística portuguesa.

“De passagem” no Rivoli

É inaugurada sexta-feira a exposição colectiva “De Passagem”, que conta com obras de vários artistas, como Francisco Laranjo, Graciela Machado e Mário Bismark e estará patente durante todo o festival. O Fantas acolhe, também, vários workshops e um atelier livre de pintura, desenho e aguarela. Mais informações sobre as actividades podem ser encontradas no programa do Fantasporto.

Uma das actividades foi a conferência de quinta-feira, dedicada ao tema “Manual de sobrevivência do artista plástico português”, uma ideia que, segundo Francisco Laranjo, pintor,director da FBAUP e moderador do debate, pode mesmo transformar-se num livro.

Uma das convidadas do painel foi a artista plástica especializada na fotografia Rita Castro Neves que falou das suas vivências como artista. Sobre o processo de produção de arte, a fotógrafa atenta que o trabalho do artista plástico não deve ser isolado, reforçando a importância do trabalho de equipa e dos colegas para debater e pensar.

Instituições contactam mais “agências do que artistas plásticos”

Augusto Cadete, outro dos oradores da conferência, abordou o tema do artista plástico como profissão. “Nos anos 90, era difícil um artista sem qualquer suporte económico e familiar sobreviver. Os artistas saíam da escola e era um deserto”, refere. No entanto, Augusto Cadete acredita que não era só em Portugal que era inviável ser artista. “Em Espanha, a situação era semelhante: acabavam o curso e tinham que seguir profissões como serralheiro e até mesmo empregado de mesa”, diz. A única diferença era que os artistas portugueses tinham mais dificuldades em “mentalizarem-se disso”.

Sobre o papel das empresas e das instituições como mecenas da arte, o artista diz que estas “interessam-se mais em contactar agências de comunicação e imagem do que artistas plásticos.”

Na conferência, foram, também, abordados outros temas como o papel das novas plataformas (tablets, smartphones) na arte e a importância dos novos meios de divulgação artística, como o Facebook ou o Twitter.

Artigo corrigido às 11h21 de 2 de Março