Internado há uma semana, Artur Agostinho faleceu, esta terça-feira, após uma paragem cardíaca. “Foi o maior fenómeno que existiu no último século”, recorda, ao JPN, Ribeiro Cristovão, jornalista da Renascença e colega de longa data. “Fisicamente, tinha bom aspecto, estava feliz, por isso fiquei muito surpreendido com esta notícia”, confessa o jornalista.

Jornalista, locutor, apresentador, actor e escritor. Artur Agostinho era um comunicador nato e um dos rostos mais acarinhados de Portugal. Foi o grande impulsionador da comunicação portuguesa e o seu talento não foi esquecido.

Em 2010, foi homenageado com o prémio Mérito e Excelência, pela organização da XV Gala dos Globos de Ouro, da SIC. Emocionado, Artur Agostinho não escondeu a alegria pelo reconhecimento. Mas o dia mais feliz da sua vida, segundo o próprio, ainda estava para chegar: no fim do ano, foi agraciado por Cavaco Silva com a Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. “Uma homenagem há muito merecida”, reconhece Ribeiro Cristovão.

Já no início do mês de Março, lançou um novo livro: “Flash-back – Uma história da vida real”, onde recorda as vivências e dificuldades do pós-25 de Abril.

Artur Agostinho é, sobretudo, uma voz da rádio. Ribeiro Cristovão vai mais longe e não duvida que “era um animal da rádio”. Iniciou-se num registo amador e, com 25 anos, integrou a Emissora Nacional. Ligado à Renascença, lançou o programa desportivo “Bola Branca” que ainda hoje vai para o ar. Ficou famoso pelo seu “É goooooloooooo”, gritado nos anos 40, que se tornou num marco desportivo da rádio portuguesa.

Na RTP, apresentou o primeiro concurso da televisão portuguesa “Quem Sabe, Sabe” e participou em programas como “O Senhor que se Segue” e “No Tempo Em Que Você Nasceu”. Mais recentemente, integrou várias novelas, entre as quais “Ana e os Sete”, “Inspector Max”,
“Tu e Eu”, “Pai à Força” e “Perfeito Coração”.

Na sétima arte, protagonizou, entre outros, “Cais do Sodré” (1946), “O Leão da Estrela” (1947), “Capas Negras” (1947), “Cantiga da Rua” (1950) e “Tudo Isto é Fado” (2004).

Artur Agostinho parte com 90 anos de histórias e deixa aos portugueses 65 anos de lembranças. A despedida está marcada para quarta-feira, pelas 16h30, na Igreja de S. João de Deus, em Lisboa.