A ideia surgiu há mais de uma década mas não gera consenso entre os políticos da região. Separadas pelo rio Douro, a vontade de unir as duas cidades e fomentar sinergias surgiu, mas continuam a estar separados lado-a-lado.
Adepto da regionalização, o antigo ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, declara-se favorável a uma eventual junção, embora admita que o processo exige debate e ponderação. “Mesmo antes de ser discutida, eu já gostava da ideia. Mas não concordo que o processo seja forçado, as cidades apenas podem ser unidas se, de um lado e de outro, a vontade for a mesma”, explica o economista.
Para Cadilhe, além de um aumento em dimensão, a junção Porto-Gaia reforçaria a capacidade de influência. “A marca Porto poderia conferir uma maior projecção aos dois concelhos”, afirma Cadilhe. Em entrevista ao JPN, o economista explica que “vivemos numa sociedade em que o centralismo é muito acentuado. Esse centralismo torna-se mais imperativo quando não há poder negocial, ou é relativamente fraco”. Com uma eventual fusão, a marca Porto “ganharia mais poder negocial”, quer na “distribuição de recursos do sector público, quer na cobrança de impostos ou realização da despesa pública”. A cidade “Porto-Gaia ganharia um outro poder reivindicativo”, conclui.
O planeamento da união de Porto-Gaia a nível político, económico e social exige, contudo, um plano de acção concreto, alerta o antigo ministro das Finanças. “Só o rio nos separa, ou não será só o rio?”, interroga-se Miguel Cadilhe. Com um eventual processo de fusão entre os dois municípios, o economista sublinha que é necessário ter em conta (num eventual processo de fusão) que também há diferenças. “Temos que respeitar a história, as pessoas, as tradições, mesmo os próprios antagonismos que são respeitáveis desde que não sejam destrutivos,” considera Cadilhe.